Para o diretor Marcus Baldini, lançar um filme no Odeon tem o mesmo peso de jogar no Maracanã. “Sempre dá um friozinho na barriga”, conta ele. E, sentindo esse tal friozinho, ele lançou, “Sequestro do voo 375”, com o qual fechou, na noite do último sábado (14), a programação de sessões de gala no Odeon, templo não do futebol, mas do Festival do Rio.
O filme é inspirado num episódio verídico: o sequestro de um avião da (hoje finada) Vasp, em setembro de 1988, com cem pessoas a bordo. O objetivo do sequestrador era o de colidir a aeronave com o Palácio do Planalto, então ocupado pelo presidente José Sarney, em Brasília.
Baldini sabia dos desafios impostos pelo filme. O primeiro deles é o de levar à telona um episódio real. O segundo, o de realizar um filme de ação num país sem tradição nesse gênero. E o diretor deve ter sentido muitos frios na barriga, mas não deixou-se desencorajar.
– A gente não tem experiência de filmes de ação no Brasil. Então, isso representava um desafio muito grande. E também o de fazer um filme que não fosse só de ação – conta o diretor ao NEW MAG, destacando outro aspecto importante da missão: – Era preciso falar também com profundidade dos personagens e que o projeto tivesse essa discussão para além do entretenimento.
O diretor chegou ao projeto convidado pela produtora Joana Henning, CEO do Estúdio Escarlate. A partir do momento em que ele decidiu “vestir a camisa”, outra questão norteou seu olhar sobre o caminho a ser trilhado, como ele revela:
– O filme me dá a oportunidade de falar de um Brasil de 1988, dos conflitos da época, de como a sociedade estava naquele momento. Acho que, embora seja um filme baseado num evento, ele fala muito sobre o Brasil, o sentimento da população, as relações políticas e sociais daquela época.
Sim, da mesma forma que coube a um brasileiro a primazia de criar o avião, o Brasil também teve um setembro marcado pelo sequestro de uma aeronave que quase culminou num ato terrorista. E isso deu-se 13 anos antes do fatídico 11 de setembro norte-americano.
E esse fato ninguém pode negar.