‘Minha maior vingança é estar viva’

outubro 15, 2023

Claudette Soares volta aos palcos em show com Marcio Louzada e celebra seu pioneirismo e sua resiliência

Ser pioneira tem seu preço. E ele pode ser alto. No caso de Claudette Soares foi. Cantora que acompanhou a transição do samba canção à bossa nova, ela foi o primeiro nome da MPB a gravar Roberto Carlos. Isso num tempo em que muita gente não havia captado o recado dado por Caetano Veloso em “Baby” (composta a partir de conselhos dados por Maria Bethânia), de que  deveriam “ouvir aquelas canções do Roberto”. Claudette foi cancelada num tempo ainda muito analógico.

Mas ela não se fez de rogada. Continuou a se apresentar a um público fiel que nunca a abandonou. Sem ela deixar de acompanhar as novidades surgidas na cena musical. E uma prova disso é dada em seu novo show. “Amor” une a veterana ao ator-cantor Marcio Louzada, que recentemente interpretou Sidney Magal no teatro. O show, dirigido por Jorge Takla, faz um apanhado de canções românticas que têm a ver com os dois cantores.

– É um espetáculo que desperta em nossas memórias a paixão, a alegria, a dor, o desejo… todos estes elementos costurados dentro da tessitura do amor – entrega a intérprete que, ao longo da carreira, cantou autores de diferentes gerações como Luiz Gonzaga (1912-1989) e Chico Anysio (1931-2012).

O show estreou em setembro, no interior de São Paulo, e os planos são os de mambembar pelo país, chegando ao Rio, inclusive. A dupla cercou-se de craques para a empreitada. Além de Takla, a ficha técnica traz ainda o escritor Gabriel Chalita assinando o roteiro e Giba Estebez na direção musical.

Num tempo em que, recentemente, discutiu-se se uma canção de amor era ou não bossa nova, com a contenda tendo mais longevidade do que a relação que inspirou a canção, Claudete não quer saber do sexo dos anjos. Ela tem mais a fazer e quer é cantar.

– Minha maior vingança é estar viva – declara ela, divertindo-se com a própria frase de efeito.

Coisa de quem sabe tudo o que enfrentou. Que jovens cantoras mirem-se no exemplo dessa mulher que, pela resiliência, bem poderia ser de Atenas, mas é brasileira. Brasileiríssima, aliás.

 

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