“Trama em segredo seus planos”… O verso, que abre “Coração leviano” vai bem ao encontro da natureza reservada de Paulinho da Viola. O cantor e compositor, um dos maiores nomes da nossa música, completa, neste sábado (12), 80 anos. A comemoração foi na véspera e num local mais do que apropriado ao grande artista que ele é: o palco. Mais exatamente o do Qualistage, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde o artista se apresentou na noite da última sexta-feira (11).
A apresentação estava marcada para as 21h30m e, pouco antes das 22h, Paulinho entrou no palco. Vestindo camisa social e calça azuis – cor da sua Portela –, o artista foi calorosamente recebido pelo público, que lotou os 3.500 lugares da casa. O cantor retribuiu o carinho generosamente e sem seguir um roteiro cronologicamente óbvio. Paulinho passeou por grandes sucessos e por sambas que são mais do que clássicos; antológicos. Foi o caso da obra-prima “Timoneiro”, lançada por ele no seu último disco de inéditas, “Bebadosamba”, de 1996.
Seu primeiro grande sucesso, “Foi um rio que passou em minha vida” foi acompanhado a plenos pulmões pela plateia, assim como a supracitada “Coração leviano”. Lançada pelo compositor em 1969 e gravada por outros tantos intérpretes, “Sinal fechado” foi um dos momentos mais emocionantes da noite. A plateia não somente acompanhou Paulinho como, em alguns trechos, foi acompanhada por ele.
A nova variante da covid levou o artista e sua mulher, Lila, a ponderarem se seria prudente receber os amigos após a apresentação. A efeméride falou mais alto e, após o show, Paulinho foi cercado por familiares e por amigos mais chegados. O compositor Hermínio Bello de Carvalho, o cartunista Jaguar e o jornalista Zuenir Ventura, companheiros de jornada, foram alguns que privaram da companhia do artista no camarim, antes de ele soprar as velas por suas oito décadas de vida.
E Paulinho da Viola merece todos os aplausos: pelo seu cancioneiro, dos mais preciosos da nossa música; pelo seu timbre, que faz dele um cantor único; pela sua elegância no trato com o outro e pela discrição com que toca sua vida pessoal, que só interessa a ele e a mais ninguém. Viva Paulinho da Viola!
Crédito das imagens: Bárbara Furtado e Dantas Jr.