Diversos atores uniram-se em uma importante campanha contra a escalação de influenciadores em produções audiovisuais, escolhidos para atuar unicamente por seu número de seguidores nas redes sociais. Em entrevista ao programa “Sem censura” da TV Brasil, esta semana, Armando Babaioff mostrou sua legítima indignação com a situação cada vez mais comum no Brasil.
— Quem paga conta todo mês é a gente (os atores). Quem tá sempre fazendo as coisas e correndo atrás de apresentação, e levantando cenário, carregando coisas, somos nós — declarou Babaioff, que revoltou-se com a desvalorização do talento de profissionais das artes dramáticas: — Nessa altura do campeonato, (os influenciadores) estarem substituindo uma penca de gente talentosa para colocar uma pessoa que é conhecida na internet? Que não é a praia dela? E sabe o que me deixa com mais raiva? É que (o influenciador) não faz absolutamente nada pela profissão que eu acredito e que eu vivo.
Inspirada no discurso de Babaioff, a atriz Alice Wegmann, estrela de novelas e séries como “Rensga hits”, também demonstrou seu descontentamento com o rumo que seu ofício está tomando.
“Somos uma geração que tem que se formar em medicina e Instagram. Em psicologia e Instagram. Em atuação e Instagram. Fiz quatro anos de teatro e tenho 17 anos de profissão, já aprendi sobre Shakespeare mas nunca me ensinaram a ser uma It girl. Amo moda e amo influenciar vocês a lerem mais livros, verem mais peças, ouvirem mais músicas. Ainda estou entendendo como conciliar a minha verdadeira profissão e essa segunda profissão que o mundo me obrigou a ter. E esse é um relato sincero de quem fica meio perdida às vezes. Sou muitas e quero ser todas elas, mas sobretudo quero ser a Alice de verdade”, escreveu a artista em uma rede social. Ela ainda comentou ter conversado com colegas sobre ser atriz com Fernanda Montenegro, Denise Fraga e Marieta Severo.
O ator Johnnas Oliva foi mais um que fez coro à revolta que vem acontecendo no meio artístico. Em uma postagem em seu Instagram, ele questionou o motivo de influenciadores serem chamados para produções audiovisuais e convidou seus seguidores a participarem de uma campanha da plataforma Platore, formada por atores de todo o Brasil:
— Meu nome é Johnnas Oliva, sou ator e meu trabalho não tem nenhuma relação com o meu número de seguidores. Essa prática existe no mercado e as escolhas de elenco das séries, filmes e novelas, por vezes, se dão pelos números de seguidores, o que leva influencers a ocuparem o lugar de atores formados. Quando você assiste a um filme, você quer acreditar que aquele personagem existe ou você quer ver alguém com expressividade na internet?
Recentemente, a atriz Claudia Abreu criticou em entrevista a escalação de influenciadores, e afirmou que a prática não será duradoura.
— O grande problema é que o critério seja só o número de seguidores, porque isso não qualifica ninguém. A pessoa pode ter muitos seguidores simplesmente porque se expõe. Não quero ser preconceituosa não, porque esses “lacradores” podem ter gente talentosa também. Antigamente falavam dos modelos, isso sempre existiu de alguma maneira. O tempo vai dar conta disso, de quem realmente tem talento e de quem começou de outra maneira e não através de uma escola de teatro. Se tiver talento, vai ficar — arrematou a atriz.
Crédito da imagem: reprodução / Internet
