Sensível é um adjetivo que cai bem quando se fala de João Moreira Salles. Nascido numa das mais tradicionais famílias do Rio de Janeiro, ele tornou-se um dos documentaristas mais interessantes em atividade, hoje, no país. E, como diretor, usou do seu olhar para revelar a grandeza de personagens como o pianista Nelson Freire (1944-2021) e Santiago Badariotti Merlo, mordomo da sua família por décadas, respectivamente nos filmes “Nelson Freire” (2003) e “Santiago” (2007).
Outro adjetivo que vem bem a calhar para o diretor é irrequieto. Moreira Salles passou, recentemente, seis meses no Pará, onde dedicou-se a pesquisar a ocupação da Amazônia dos anos 1960 aos dias de hoje. Tudo levava a crer que se tratava do preâmbulo para um novo documentário, mas o diretor optou por outro formato.
E, aos 60 anos, estreia na Literatura com “Arrabalde – Em busca da Amazônia”. Num misto de relatos e entrevistas, a edição é um panorama da maior floresta tropical do mundo, com suas 16 mil espécies de árvores e responsável por 20% da água doce do planeta. A obra chega às livrarias nesta segunda-feira (12), pela Companhia das Letras.
Através do seu olhar atento e sempre sensível, Moreira Salles convida o leitor a conhecer a complexidade biológica e social deste que é o maior patrimônio ambiental, não somente da América do Sul, mas do mundo como um todo.