Laços redivivos

agosto 25, 2022

Centenário de Tonia Carrero reúne pela primeira vez no palco os netos da atriz, que terá memórias revisitadas em leitura

A palavra monstro, quando usada como substantivo, tem o significado pejorativo que conhecemos. Como adjetivo, significa que alguém é grande no que faz. Então, Tonia Carrero (1922-2018) foi um monstro. A própria se definiu assim. A atriz escreveu, aos 64 anos, suas memórias, reunidas no livro “O monstro de olhos azuis”, lançado em 1986. E, no ano do  centenário dessa grande atriz, o livro vai unir no palco, pela primeira vez,  seus quatro netos: os também atores Luísa, Carlos Arthur e Miguel Thiré, frutos do primeiro casamento de Cécil Thiré (1943-2020), e João Thiré, caçula  do saudoso ator.

Eles vão ler trechos de “O monstro de olhos azuis” numa apresentação sob a direção de Inez Viana. A leitura dramatizada acontece a partir desta quinta-feira (25 e até dia 28), na Sala do Itaú Cultural, em São Paulo, como parte da programação da Ocupação Tonia Carrero, que celebra o centenário da artista.

– Participar dessa homenagem que é a de colocar no palco o livro escrito pela minha avó, no qual ela passa a limpo suas memórias, com uma honestidade incrível, está sendo uma oportunidade sem igual de investigar o nosso passado – comenta Carlos com NEW MAG destacando a oportunidade de eles revisitarem as próprias origens: – E fazer isso, em família, num processo teatral, faz com que descubramos coisas sobre nossa avó e também sobre nossa família. E poder fazer isso com os meus irmãos é uma oportunidade muito rica de investigação.

Inez Viana é aquele tipo de diretora que, segundo o ator, “não brinca em serviço”. E o que era para ser só uma leitura acabou se aproximando de um espetáculo. Foram 20 encontros ao longo dos quais ficou decidido que a leitura seria entremeada por depoimentos dos próprios netos. Isso  fez com que, em muitos momentos, a emoção tomasse conta da cena.

– Durante o processo, tivemos muitos momentos de choro,  lembranças e saudade. Houve momentos de catarse. É uma emoção que volta toda a vez que a gente está em cena e passa por aquele lugar da leitura. A emoção volta, às vezes mais forte ou mais fraca. É tudo muito intenso.

No palco, há espaço para a emoção ao mesmo tempo em que as lembranças convidam à reflexão. Sentimento e distanciamento unem-se num misto entre Stanislavski (1863-1938) e Brecht (1898-1956). Tendo sido a grande atriz que foi, Tonia iria a-do-rar essa experiência.

Crédito da imagem: Antonio Guerreiro

 

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