“Há festivais dedicados ao cinema asiático, ao cinema francês e ao de outros países, mas não havia um festival dedicado ao cinema europeu”. A queixa foi proferida por Jean Thomás Bernardini, o todo-poderoso da Imovision, e o verbo foi usado no tempo certo. Não havia. O Rio de Janeiro tem agora o Festival de Cinema Europeu Imovision. O evento foi aberto na noite da última quarta-feira (23), no Reserva Cultural, em Niterói, e foi prestigiado por sete estrelas do cinema europeu em visita ao país, além de personalidades das política e da cultura.
Com o auditório já lotado, o evento começou quinze minutos antes do horário previsto, para alegria da comitiva europeia que, no mesmo dia, havia visitado o MAC e se regalado com uma genuína feijoada. A ideia era que, em sua primeira edição, o festival começasse modesto, mas como colocado por Bernadini em bom português: “a gente empolgou”.
E, assim o festival cresceu e foi aberto em cerimônia que não deixou a desejar aos de outros eventos do segmento. A começar pelas presenças, com nomes como o de Zelito Viana, grande nome do nosso cinema, e Ilda Santiago,uma das mentoras do Festival do Rio, reunidos ali pelo casal de promotres Liège Monteiro e Luiz Fernando Coutinho, além de autoridades como o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, e seu antecessor, Axel Grael.
A cerimônia foi comandada pela jornalista Renata Boldrini que, após chamar Bernadini ao palco, deu a palavra a Neves. E o prefeito deu duas boas novas: os planos de inaugurar, em 2026, o Museu do Cinema e o de lançar, nesta sexta-feira (25), juntamente com a Prefeitura do Rio de Janeiro, a candidatura para ambas as cidades sediarem os Jogos Pan-Americanos de 2031.
O alcaide demonstrou-se ainda um admirador de Maria Bethânia ao destacar a presença do franco-suíço Georges Gachot, diretor de “Música é perfume”, documentário sobre nossa grande cantora. Chamado ao palco, Gachot confessou – também em português – estar nervoso e ainda saudou São Jorge, celebrado naquela quarta-feira, ao entoar um verso de “Padroeiro do Brasil”, samba gravado por Bethânia no antológico “Brasileirinho”.
O improviso levou o diretor Morgan Simon a mangar do colega. “Não vou cantar”, declarou em francês. Se não abriu o gogó, ele emocionou o público ao contar que, na viagem, aproveitou para estar com parentes que tem no país, da parte de sua avó.
O diretor grego Alexandro Avranas e seu colega francês Fréderic Farrrucci também não cantaram, mas pediram cidadania brasileira, levando a plateia a externar seu enternecimento com um “ahhhhh” em uníssono.
O encantamento era recíproco – e razões não faltavam. A principal delas é que o Rio tem agora um festival dedicado exclusivamente (e abrangentemente) ao cinema europeu. Oulala!
Créditos: Christovam de Chevalier (texto) e Eny Miranda (fotos)