Uma história secular

outubro 11, 2024

Entre a filha, Camila, e a neta, Antonia, Antonio Pitanga estreia como diretor no Festival do Rio com filme sobre a Revolta dos Malês

A noite desta quinta-feira (10/10) foi mais do que especial para o ator e diretor Antonio Pitanga. Em sessão de gala no Cine Odeon, Rio, ele estreou o filme “Malês”, um sonho de 26 anos agora realizado, no Festival do Rio 2024. Como diretor, o veterano do cinema esteve no evento ao lado de nomes do elenco, como seus filhos Camila Pitanga, Rocco Pitanga, Indira Nascimento, Bukassa Kabengele, Samira Carvalho, Rodrigo de Odé, Heraldo de Deus, entre outros.

A lista de convidados também foi estrelada: Lázaro Ramos, Benedita da Silva, Elisa Lucinda, Maju Coutinho, Nando Cunha Chico Diaz, entre outros.

O filme se passa em 1835 e fala sobre a Revolta dos Malês, um levante feito por centenas de escravizados em Salvador e que entrou para a história afro-brasileira. A trama, escrita por Manuela Dias, que também esteve no Odeon, aborda o momento histórico a partir da trajetória de um casal de negros muçulmanos escravizados.

 – Estou há 26 anos para fazer esse filme. É exatamente a vigésima sexta edição do Festival do Rio. Acho que aqui é o lugar ideal, me sinto em casa. O curso que o Brasil segue dá as costas para a história do povo. “Malês” é tirar o Brasil da sala e escancarar em praça pública as suas vísceras. Nessa tragédia, você mostra as cabeças pensantes sequestradas do norte da África da comunidade do Islã, que tinham o conhecimento da física, da engenharia, da matemática, da aritmética e esses negros se juntam aos do Candomblé contra todo o tipo de opressão – disse o diretor.

Camila, que dirigiu um filme sobre o pai em 2016, agora viu os papéis se inverterem. Como atriz e filha, ela ressalta a conexão e admiração que tem pelo pai, especialmente pela sua importância para a cultura negra brasileira.

– Eu e meu pai temos esse amor soberano. Ele me rega e me sinto ungida pela sua vida e pelo tesão que ele tem por viver. E tudo que ele representa como ator preto, por ser um cara que não tem medo nenhum de ousar, de sonhar e de realizar. Esse projeto fala para muita gente, e ilumina um ponto de vista preto sobre a nossa história, isso é a melhor política que a gente pode fazer – destacou a atriz, que esteve no cinema com sua filha, Antônia Peixoto.

Também figura importante para produções que ressaltam a temática negra brasileira, o ator e diretor Lázaro Ramos esteve na plateia do festival e vibrou com o longa-metragem.

– Há toda a importância heroica de um movimento para conquistar a libertação. Mas ao mesmo tempo, é importante lembrar que foi o massacre feito de uma população que chegou aqui com outra religiosidade, com outros conhecimentos e foram assassinados porque estavam só tentando sua liberdade – pontua Lázaro.

Crédito das imagens: Claudio Andrade

Antonio Pitanga e Benedita da Silva
Lázaro Ramos, Bukassa Kabengele, Antonio Pitanga, Maju Coutinho, Agostinho Paulo Moura, Val Perré e Rodrigo de Odé
Camila Pitanga e Elisa Lucinda
Chico Diaz, Antonio Pitanga e Antônio Diaz

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