O Brasil começou o novo ano dando sinais sobre a importância de reunificar um país polarizado. O “cessar-fogo” sofreu um revés neste domingo (08). A intolerância, que pautou tantos atos de violência ao longo do último ano, deu sinais de força em dois momentos distintos.
Na madrugada de sábado (07) para domingo, o ator Bruno Gagliasso foi vítima de intolerância religiosa após postagem em que demonstrou simpatia por uma religião de matriz africana. O domingo foi marcado também pela invasão das sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário por extremistas apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. NEW MAG ouviu o rabino Nilton Bonder, um dos mais importantes líderes religiosos do país, a respeito dos dois fatos que marcaram o dia.
– É inaceitável que se critique alguém por manifestar publicamente a sua crença religiosa. Alguém que tem uma conduta como essa não pertence a um universo espiritual, mas age como um torcedor, alguém movido por uma ideologia. Uma pessoa ligada a algum tipo de doutrina deveria apreciar o fato de outra pessoa ter uma fé, ainda que diferente da sua própria. Ainda mais em se tratando de uma religião de matriz africana tão importante para a formação brasileira. Alguém que demonstra esse tipo de intolerância deveria buscar ajuda psicológica e o amparo religioso – solidariza-se Bonder com o ator e sua família.
A conversa com o rabino, no fim da tarde deste domingo, acabou abrangendo o ato de vandalismo visto nas dependências das sedes dos três poderes da República, em Brasília:
– Todas essas demonstrações de intolerância, tão fomentadas nos últimos anos, podem estar agora em fogo mais baixo, mas ainda se fazem presentes. Há toda uma pacificação a ser feita, envolvendo questões ideológicas. O novo governo vai precisar de muita tranquilidade e cautela para debelar os aspectos deixados pela gestão anterior, e esse movimento é muito importante para o país.