Os decretos assinados por Donald Trump como novo presidente norte-americano acenderam alertas pelo mundo. Mesmo com alguns indícios de sua postura e atitudes já esperadas, tal como a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris, outros acontecimentos surpreenderam. Entre eles, a saudação nazista feita pelo multibilionário Elon Musk, que participará do governo. Mas também a declaração de que o país só vai reconhecer dois gêneros sexuais e medidas que podem fazer crescer a xenofobia na América do Norte, como o anúncio do fim da cidadania automática para nascidos no local.
Em resumo, há algumas ações e discursos que preocupam os defensores dos Direitos Humanos ao redor do globo. No Brasil, não é diferente. Recém-empossado como presidente diretor do Viva Rio, empresa social que promove ações contra a pobreza e a violência no estado do Rio de Janeiro, o advogado Pedro Strozenberg vê com preocupação a posição do novo presidente.
— Espero que as instituições públicas consigam atravessar esse período de uma maneira a garantir os direitos da população e a proteção das populações LGBTQIAP+, negras, latinas e de imigrantes. Que esse pêndulo da força da ação governamental seja limitado ao tamanho permitido dentro de um processo democrático. Dentro dessa perspectiva, vamos ter um governo conservador de direita, mas que espero que consiga, por força da institucionalidade, fazer uma ação mais controlada e respeitosa dentro e fora dos Estados Unidos — destaca Strozenberg, que completa: — Enquanto isso está no campo ideológico e das mensagens, você tem um impacto, mas é diferente de quando você é chefe de estado de um país dessa importância. Há efeitos e um estímulo a um posicionamento preconceituoso e discriminatório. É um retrocesso para países e para uma sociedade plural, global, que conseguiu avançar sobre o respeito à diversidade e aos direitos.
Outro ponto que vem fazendo a comunidade internacional ficar atenta é a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris, que estabelece metas e compromissos relacionados às mudanças climáticas. Para Strozenberg, este é um ponto central que poderá ter grandes efeitos.
— É um dos temas que eu percebo com maior preocupação e retrocesso nessa agenda explícita inicial. É uma pena para o Brasil especificamente, que está construindo e tem uma agenda aí da COP este ano, além da Amazônia. Assim como outros países, vivemos dramas com as queimadas, as mudanças da produção, as enchentes e os cataclismas. Ter uma posição negacionista de um país tão importante é um retrocesso gigante. Essa é uma consequência que é de imediato, mas principalmente ao longo de 5 a 10 anos terá impacto ainda maior. Foram dez passos para trás — avalia o diretor da organização que coloca a pauta ambiental nas ações que promove.
Mas se a agenda relacionada ao meio ambiente pode ser muito nociva, há outra que causou uma indignação mais imediata na cerimônia. O gesto nazista de Elon Musk repercutiu pelo mundo e fez lembrar ainda o alerta feito pelo ex-chefe de gabinete de Trump, John Kelly, que afirmou durante a campanha que o atual presidente era facista e queria generais como os de Hitler (1889 – 1945). — Esses gestos distorcem essa compreensão de uma sociedade que precisa ter a memória do que foram e representaram as guerras e o período do Holocausto. Acho preocupante. Nos tempos de hoje, isso está muito associado às falsas informações. A postura do Elon Musk e o gesto que ele faz remete inevitavelmente a esse lugar de desconstrução histórica. Isso diminui a importância da memória e da preocupação com períodos trágicos da humanidade — conclui ele.
Crédito das imagens: Reprodução e Divulgação