Eram 11h da manhã do dia 30 de dezembro, penúltimo dia do ano, quando quatro ônibus deixaram o campus da UFRJ, na Ilha do Fundão, Rio de Janeiro, rumo à Capital Federal. Somados, os veículos levavam cerca de 180 pessoas, entre estudantes, professores e servidores ligados à instituição. Em comum, o desejo de prestigiar, na tarde do último domingo (1º de janeiro), a posse do presidente Lula que iniciou, neste 02 de janeiro, seu terceiro mandato. O escritor, pesquisador e servidor público André Salviano estava no comboio e, nesta segunda-feira (02), no trajeto de volta ao Rio, relatou ao NEW MAG as impressões do que viu e do que foi a festa da posse.
De carro, os 1.165,7 km de distância entre Rio e Brasília podem ser feitos em 18 horas, aproximadamente. De ônibus, o tempo médio beiras as 20h de viagem. O comboio da UFRJ levou 30 horas para ir do Rio a Brasília. Tudo porque um dos veículos apresentou problemas técnicos e precisou de reparos, acrescentando dez horas à viagem.
Chegando à capital, Salviano viu a Praça dos Três Poderes e a Esplanada dos Ministérios tomadas por bandeiras. A cor vermelha, da bandeira petista, era a mais evidente, mas chamou sua atenção uma quantidade significativa de bandeiras do Brasil, num sinal de reapropriação de um símbolo que sempre foi e que, agora volta a ser de todos os brasileiros. A diversidade do público também chamou a atenção do escritor:
– A multidão era o retrato de um Brasil que o bolsonarismo despreza. Havia jovens e idosos, gente de todas as etnias e orientações sexuais, família heterossexual com seus filhos pequenos convivendo com toda essa diversidade, sem olhar diferente ou fazer muxoxo.
Salviano estava na Esplanada e acompanhou o rito através do telão, no meio da galera. No meio de gritos, aplausos e muitas, muitas lágrimas, ele conta do sentimento que o tomou quando Lula recebeu a faixa presidencial de representantes do povo brasileiro.
– Quando Lula apareceu para entrar no Rolls Royce foi uma comoção geral, todos aplaudindo, alguns sorrindo, outros gritando palavras de ordem, e gente chorando emocionada. Foi uma cerimônia linda e eu me senti em comunhão não só com quem estava ali, mas com a esperança de um país melhor. Com mais diálogo, tolerância, e respeito às instituições – revela ele.
Finda a festa, é hora de voltar para casa. No trajeto de volta ao Rio, o escritor faz um balanço da empreitada. Mesmo exaurido, ele reconhece que o esforço valeu:
– Estou cansado. Vim e volto de ônibus, mas é um cansaço bom. Valeu a pena cada quilômetro de estrada!