Estrela luminosa

junho 18, 2024

Rejane Medeiros, musa que morreu aos 80 anos, tem sua trajetória comentada pelo jornalista Renato Fernandes

Dona de uma beleza estonteante, Rejane Medeiros virou, como se dizia na época, a cabeça de muita gente. Musa de Marisa Alvarez Lima (1935-2022), uma de nossas maiores fotógrafas, flertou com Reginaldo Faria, namorou Walter Clark (1936-1997) e casou-se com o superinstrumentista Egberto Gismonti, com quem teve dois filhos. Rejane morreu aos 80 anos, nesta terça-feira (18), em Itaipava, Região Serrana fluminense. Ela lutava contra um câncer e morava com a filha, a pianista Bianca Gismonti.

O jornalista Renato Fernandes era ainda adolescente quando teve sua atenção capturada pela beleza de Rejane. O tempo passou e, labutando no ofício, quis fazer para a revista Joyce Pascowitch uma matéria com a musa da sua juventude. Acabaram ficando amigos, como ele conta ao ser procurado por NEW MAG.

– Ela veio do Rio Grande do Norte. Era reservada e muito delicada. Ela tinha medo da imprensa e confiou muito em mim. Fui me aproximando aos pouquinhos e chegamos a ir juntos a um festival de cinema em Natal (RN) – recorda Renato, que emoldurou uma foto da amiga para a galeria de notáveis que mantém numa parede do seu apartamento, em São Paulo.

O primeiro papel de Rejane no cinema foi no longa “Selva trágica”, no qual contracenou com Reginaldo Faria. Até que uma oportunidade surgida em meados dos anos 1970 levou-a a brilhar na Europa, como conta Renato:

– Ela fez uma bela carreira no nosso cinema, ao longo dos anos 1970, até que estrelou, no Brasil, uma  série produzida por uma TV italiana. Era “Il Giovane Garibaldi” e  ela vivia simplesmente Anita Garibaldi.

A atriz brasileira foi alçada ao status de estrela na Itália. Tanto insistiram que ela rumou para lá. E brilhou em produções como o seriado “Alle origini della Mafia”, no qual contracenou com Tony Musante e com Katharine Ross.

Na volta ao Brasil, atuou ainda em produções como “O torturador”, estrelado por Jece Valadão (1930-2006) e Vera Gimenez. E encontrou um país democratizado, porém arruinado economicamente, com a indústria cinematográfica lutando  para não sucumbir.

Rejane foi, aos poucos, saindo de cena, optando por se dedicar aos filhos e viver de forma reservada. Sua última aparição na telona foi em “Luz nas trevas – A volta do Bandido da Luz Vermelha”, de 2012.

– Quando a entrevistei, ela morava no Jardim Botânico, num ponto bucólico próximo a uma pracinha. Ela está muito ligada à minha adolescência e, quando a entrevistei, ela confiou muito em mim e isso é algo que vou me lembrar sempre – arremata ele.

Rejane Medeiros: beleza e talento que arrebataram Brasil e Itália
O jornalista Renato Fernandes

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