Dona de uma beleza estonteante, Rejane Medeiros virou, como se dizia na época, a cabeça de muita gente. Musa de Marisa Alvarez Lima (1935-2022), uma de nossas maiores fotógrafas, flertou com Reginaldo Faria, namorou Walter Clark (1936-1997) e casou-se com o superinstrumentista Egberto Gismonti, com quem teve dois filhos. Rejane morreu aos 80 anos, nesta terça-feira (18), em Itaipava, Região Serrana fluminense. Ela lutava contra um câncer e morava com a filha, a pianista Bianca Gismonti.
O jornalista Renato Fernandes era ainda adolescente quando teve sua atenção capturada pela beleza de Rejane. O tempo passou e, labutando no ofício, quis fazer para a revista Joyce Pascowitch uma matéria com a musa da sua juventude. Acabaram ficando amigos, como ele conta ao ser procurado por NEW MAG.
– Ela veio do Rio Grande do Norte. Era reservada e muito delicada. Ela tinha medo da imprensa e confiou muito em mim. Fui me aproximando aos pouquinhos e chegamos a ir juntos a um festival de cinema em Natal (RN) – recorda Renato, que emoldurou uma foto da amiga para a galeria de notáveis que mantém numa parede do seu apartamento, em São Paulo.
O primeiro papel de Rejane no cinema foi no longa “Selva trágica”, no qual contracenou com Reginaldo Faria. Até que uma oportunidade surgida em meados dos anos 1970 levou-a a brilhar na Europa, como conta Renato:
– Ela fez uma bela carreira no nosso cinema, ao longo dos anos 1970, até que estrelou, no Brasil, uma série produzida por uma TV italiana. Era “Il Giovane Garibaldi” e ela vivia simplesmente Anita Garibaldi.
A atriz brasileira foi alçada ao status de estrela na Itália. Tanto insistiram que ela rumou para lá. E brilhou em produções como o seriado “Alle origini della Mafia”, no qual contracenou com Tony Musante e com Katharine Ross.
Na volta ao Brasil, atuou ainda em produções como “O torturador”, estrelado por Jece Valadão (1930-2006) e Vera Gimenez. E encontrou um país democratizado, porém arruinado economicamente, com a indústria cinematográfica lutando para não sucumbir.
Rejane foi, aos poucos, saindo de cena, optando por se dedicar aos filhos e viver de forma reservada. Sua última aparição na telona foi em “Luz nas trevas – A volta do Bandido da Luz Vermelha”, de 2012.
– Quando a entrevistei, ela morava no Jardim Botânico, num ponto bucólico próximo a uma pracinha. Ela está muito ligada à minha adolescência e, quando a entrevistei, ela confiou muito em mim e isso é algo que vou me lembrar sempre – arremata ele.