‘Estou muito confiante nos meus atletas’

julho 26, 2024

O ex-judoca Rogério Sampaio fala da responsabilidade de chefiar os 275 atletas brasileiros em Paris e de suas expectativas nas Olimpíadas

Ganhar medalhas sempre foi uma prática que esteve no radar de Rogério Sampaio. Diretor-geral do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), o ex-judoca está encarregado de chefiar a Missão do Time Brasil em Paris. O campeão olímpico traz na bagagem uma campanha histórica que realizou nos Jogos Pan-americanos de Santiago, em 2023. Foram 205 medalhas obtidas sob sua gestão. Desde que pendurou as chuteiras, ops!, o quimono, aos 38 anos, ele não parou de trabalhar em prol do esporte. E se mostra muito confiante e eficaz no papel de liderar os atletas em terras francesas. E está a todo vapor. Há oito dias em Paris, ele abriu uma brecha na agenda corrida para esta entrevista ao NEW MAG. A seguir, ele fala da responsabilidade de chefiar os 275 atletas da delegação brasileira, enaltece a resiliência da capitã da seleção de rugby, Raquel Kochhann, e defende a equidade de gêneros no esporte. “Não é uma novidade que estamos trabalhando duro para tornar o esporte no Brasil mais inclusivo”, corrobora. 

Como Chefe da Missão do Time Brasil, conte como foi deixar tudo pronto para as Olimpíadas 2024.Você demonstrou estar muito atento a todos os detalhes?

Não foi nada fácil. Mas temos um ponto muito objetivo na trajetória. A nossa palavra de ordem tem sido planejamento. O Comitê Olímpico se prepara para essas olimpíadas desde 2019. Pensamos absolutamente em todos os pontos. O foco principal é o bem-estar dos nossos atletas e para chegar a esse patamar de estruturação, trabalhamos em muitas camadas. No total, são 275 atletas, com necessidades diferentes, competindo em 39 modalidades. É nossa obrigação contemplar a todos, pois há uma diversidade grande. 

Pela primeira vez, o número de atletas mulheres ultrapassou a quantidade de homens na delegação brasileira. Fale sobre esse momento histórico que acontece na sua gestão. 

Sim, não é uma novidade que estamos trabalhando duro para tornar o esporte no Brasil mais inclusivo às mulheres. Não à toa,  instituímos a Comissão Mulher no Esporte no COB. A ideia é capacitar mais gestoras e mais treinadoras. E, claro, mais atletas femininas. Temos no total 153 atletas femininas e 122 atletas masculinos para os jogos de Paris. É incrível poder ver o fruto do trabalho que estamos fazendo dar certo. Os números refletem diretamente.  Nos Jogos Pan-americanos de Santiago, em 2023, foi a primeira vez que o desempenho feminino superou o masculino. As mulheres ganharam 33 ouros e 95 medalhas. Em contraponto, os homens trouxeram 30 ouros e 92 medalhas.

Sua gestão é muito focada nas pessoas. Você tem uma ligação afetiva com alguma história de algum atleta específico? 

Os atletas brasileiros são fascinantes. São muitas histórias de superação. Mas adoraria destacar a coragem da nossa porta-bandeira, a catarinense Raquel Kochhann. Ela é capitã da seleção feminina de rugby. Vem com muita força depois de enfrentar um diagnóstico de câncer de mama, e também um tumor ósseo no seio. É uma história inspiradora que faz a gente se orgulhar demais. Demonstra uma coragem absurda, lutou muito para viver e merece todo nosso apoio. 

Você sente saudade de competir? Conte um pouco sobre sua transição de atleta para gestor… Como foi pendurar o quimono? 

Na época em que eu era atleta, a longevidade era outra. Atletas de algumas modalidades, principalmente coletivas, atualmente podem seguir competindo até os 40 anos ou mais. Eu parei com 38 anos. Acredito que, se fosse assim naquela época, teria competido por mais tempo. Mas o esporte me abraçou em tantas frentes. Fui gestor público, comentarista, criei o Tribunal de Justiça Antidopagem, entre outros legados importantes com os quais não poderia estar envolvido se estivesse como atleta. Olha, é tanta coisa que não dá tempo nem de sentir saudade! 

Quais são as suas expectativas em relação ao desempenho dos atletas brasileiros. O que você pode adiantar? 

Estou muito confiante nos meus atletas. Eles estão muito focados e felizes. A maioria já está em Paris para se aclimatar e ir se acostumando aos poucos. Sabemos que numa competição como essa não é só ganhar medalhas. É sobretudo garantir a melhor performance. Mas estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance para que os atletas tenham uma estrutura sólida, onde possam se sentir seguros em todos os aspectos. Mais do que isso: minha missão é mantê-los altamente focados. Está dando certo, começamos muito bem. Os resultados estão aí. Vamos torcer e trabalhar para continuar dando tudo certo até o final.

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