Ele é um patrimônio vivo do jornalismo, da charge e da crônica literária. E vive, ainda por cima, numa casa onde nasceram clássicos representativos do modernismo brasileiro. Estamos falando do escritor e jornalista Luís Fernando Veríssimo. O humor, tão presente na trajetória do artista, dá lugar agora ao desolamento por aquele que já é o maior desastre natural do Rio Grande do Sul. O escritor e a mulher, Lúcia, vivem na casa que foi de seu pai, o também escritor Érico Veríssimo (1905-1975), no bairro de Petrópolis, Porto Alegre. Procurada por NEW MAG, Lúcia conta como o casal enfrenta as privações causadas pela falta de abastecimento e de insumos.
– A nossa casa fica na parte alta do bairro de Petrópolis e estamos longe das áreas alagadiças de Porto Alegre. Estamos, portanto, preservados desse problema horrível enfrentado pelos moradores das zonas baixas e próximas ao Guaíba – explica Dona Lúcia por telefone.
O casal está bem, e a casa, preservada, o que não significa que estejam sendo poupados das privações comuns aos demais moradores da capital gaúcha e do estado como um todo. O fornecimento de água foi cortado e falta água potável para consumo, como ela conta:
– Estamos sem água corrente. Desligaram as subestações, submersas pelas enchentes, e a água a ser preparada para consumo está lodosa. A piscina do vizinho tem nos ajudado.
Para ela e para o escritor é necessário que a população e os agentes públicos adquiram consciência em relação às transformações que precisam ser colocadas em prática em razão das mudanças climáticas.
– Uma dor muito grande de acompanhar o sofrimento das pessoas que mal conseguiram se reerguer do último temporal (em setembro de 2023). O velho problema da manutenção das cidades está ainda mais agravado, e a Natureza, desprezada. Neste momento faz um calor infernal e deve voltar a chover. Muito triste tudo isso – observa ela.