Escrita pelo paraibano Ariano Suassuna (1927-2014), em 1955, a obra “O Auto da Compadecida” é famosa por retratar o nordeste do Brasil, com elementos da literatura de cordel em uma história que mescla humor, cultura popular e tradição religiosa. A peça ganha, da Orquestra Ouro Preto, um formato de ópera buffa brasileira em dois atos, que promete manter a comédia como elemento principal da linguagem.
– A melhor forma de se reverenciar um clássico não é sendo conservador, mas sim sendo livre, transformando aquilo que foi criado em uma outra coisa. Por isso que a gente chama a montagem de ópera buffa brasileira: ela procura ser popular, ter contato direto com a plateia, mas criando algo diferente. A gente espera ter encontrado esse novo formato – explica o compositor Tim Rescala, responsável por assinar a música original junto ao maestro Rodrigo Toffolo, regente titular da Orquestra Ouro Preto e diretor do espetáculo.
Para enfatizar e trazer as raízes da obra de Ariano ao palco, o espetáculo conta com figurinos desenhados pelo artista plástico Manuel Dantas Suassuna, filho do escritor. Na estrada musical há 22 anos, é a terceira vez que a Orquestra mineira faz incursão no universo operístico. Com direção de cena de Chico Pelúcio, o espetáculo apresenta grandes nomes do canto lírico brasileiro como Fernando Portari, Marília Vargas e Marcelo Coutinho, entre outros.
– Quando se pensa na ópera brasileira, em libretos, em histórias, ‘O Auto da Compadecida’ tem um gosto todo especial, não só pela escrita de Suassuna, não só pelo sucesso que a peça e o filme fizeram com o público brasileiro, mas pelos ingredientes que essa obra prima da literatura brasileira inspira para uma grande ópera. Estamos felizes por tentar algo novo, com DNA brasileiro. São quase dois anos de pré-projeto para trazer uma proposta para a linguagem da música de concerto – arremata o maestro Rodrigo Toffolo.
“O Auto da Compadecida, a Ópera” estreia neste sábado (05) e domingo (06) no Teatro Alfa, em São Paulo, e em seguida, realiza apresentações no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte.
Crédito das fotos: Iris Zanetti e reprodução