Elas são duas grandes atrizes. E são também talentos de diferentes gerações. Ah, e são profissionais que há muito se admiram e que, por uma dessas circunstâncias inexplicáveis da vida, ainda não haviam contracenado. Estamos falando de Sílvia Buarque e Guida Vianna, atrizes que consolidaram seus nomes através de longos anos dedicados a uma paixão em comum: o teatro.
E é no teatro onde elas, enfim, se encontram. Guida já contracenara com Marieta Severo, mãe de Silvia, na antológica montagem de “Torre de Babel”, de Fernando Arrabal, sob direção de Gabriel Villela. E agora é o momento de Guida e Silvinha, como é carinhosamente chamada no meio teatral, contracenarem.
O texto em questão é “A menina escorrendo dos olhos da mãe”, da não menos talentosa Daniela Pereira de Carvalho que, sob a direção do sempre competente Leonardo Netto, estreia nesta sexta (05), no Poeirinha, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro.
Era ainda o primeiro ano da pandemia quando Silvia conheceu o texto. A admiração é também um elo que une a autora à atriz, a quem Daniela assistiu pela primeira vez quando a escritora era ainda adolescente, nos anos 1990.
– Dani me convidou pra ler a peça com ela por zoom. Encantei-me com o texto e decidi produzir a peça, coisa de veterana mesmo (risos) – explica Silvia chamando atenção para as voltas do tempo: – A Dani gostou de mim na sua adolescência, ao me assistir em duas peças nos anos 90, quando eu era ainda uma jovem de 20 e poucos anos…
É muito provável, aliás, que uma das peças tenha sido “Ventania”, na qual Silvia brilhou. A montagem terminava com ela cantando “Let it be”, dos Beatles, em mais uma sacada de… Gabriel Villela (olha ele aí de novo).
Essas voltas que o tempo dá estão, inclusive, presentes no espetáculo. Guida e Silvia vivem, respectivamente, Elisa e Antonia, mãe e filha, com suas diferenças e idiossincrasias. Uma mudança de época na narrativa faz com que as atrizes vivam, anos depois, Antonia, agora aos 70 anos, que reencontra Helena (Silvia), sua filha.
E o encontro com Guida e também com o diretor Leonardo Neto têm sido de muita troca e aprendizado para a jovem-veterana atriz:
– A Guida me faz lembrar que ainda tenho muito a aprender. E veio o Leo (Netto) também para ensinar. Estou no céu!
Sim, o palco é de fato o Paraíso àqueles que tem no teatro o motivo pelo qual estão no mundo. E Silvia e Guida não estão aqui a passeio.
Crédito da imagem: Nil Caniné