O Príncipe Dom João Henrique de Orleans e Bragança, da família real brasileira, chama atenção para o fato de a Rainha Elizabeth II, da Inglaterra, que morreu nesta quinta-feira (08), aos 96 anos, ter quebrado paradigmas relacionados à segregação racial no planeta e, com isso, ter colaborado para o respeito aos Direitos Humanos.
Dom Joãozinho, como também é conhecido, lembrou, em conversa com NEW MAG, do comportamento ousado da monarca em duas situações diferentes. Uma, nos anos 1960, e a outra, já nos anos 1980. A primeira delas foi quando a monarca dançou com o então presidente do Gana, Kwame Nkrumah (1909-1972), em 1961, afrontando, assim, a segregação racial ainda vigente nos EUA.
– Ela fez isso em idos dos anos 1960 e deu, com esse gesto, um recado aos Estados Unidos, onde havia ainda forte segregação racial e onde, nos ônibus, os negros deveriam ocupar os assentos ao fundo para não se sentarem ao lado dos brancos.
O segundo aspecto lembrado pelo príncipe brasileiro remete aos anos 1980. Na ocasião, a rainha Elizabeth classificou a política do Apartheid, então vigente na África do Sul, como uma “aberração humanitária”. A fala levou Margaret Thatcher (1925-2018), então primeira-ministra do Reino Unido, a ter, como chefe de governo, um posicionamento veemente sobre a questão.
– Ela poderia, como monarca, ter seguido o protocolo de não se manifestar a respeito de questões políticas internacionais, mas a indignação foi mais forte do que ela – recorda-se dom Joãozinho, destacando uma característica da monarca: – Elizabeth II foi altamente revolucionária. E a sua popularidade vem muito do respeito à dignidade humana, o que é raro hoje em dia. Precisamos de lideranças políticas com dignidade.