Uma cena de “Não me entrego, não” leva Othon Bastos a ser efusivamente aplaudido a cada apresentação do solo. É quando o ator nonagenário revela sua idade. É a deixa para o ponto pedir a palavra. “91”, corrige, e o público irrompe num misto de aplausos e risos. No dia 23 de maio, a fala terá de ser modificada. É que, na ocasião, Othon vai completar 92 anos.
E nosso grande ator vai festejar a ocasião em cena. Ele apresenta o solo, escrito e dirigido por Flávio Marinho, em Salvador.
– Vai ser emocionante apresentar a peça e festejar meu aniversário na Bahia, terra do Glauber (Rocha) e onde realizei aquele que é um dos mais emblemáticos dos meus filmes – comenta o artista.
O filme em questão é “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, obra-prima de Glauber Rocha (1939-1981) , filmado em 1963 em Monte Santo, sertão da Bahia. E vem da canção-tema do longa o verso que dá título ao solo no qual Othon festeja agora suas nove décadas de vida.
O espetáculo já foi assistido por mais de 40 mil espectadores desde sua estreia, em 2024, no Rio de Janeiro, onde, a cada apresentação, uma longa fila forma-se diante do Teatro Vanucci, no Shopping da gávea, Zona sul da cidade.
A peça fica por lá até o dia 23 deste mês, quando Othon afivela as malas para, como se diz no jargão teatral, mambembar pelo país.
– Faremos uma apresentação em Fortaleza e, depois do Carnaval, a peça aporta em São Paulo, onde fará temporada no Teatro Raul Cortez – antecipa o ator com um sorriso maroto no rosto.
E a alegria do ator é compartilhada por nós. Othon faz jus ao título do espetáculo e, de fato, não se entrega, não. Bravo!
Créditos: Christovam de Chevalier (texto) e Eny Miranda (imagem)