Caetano Veloso e Maria Bethânia têm rendido homenagens a figuras notáveis dos estados pelos quais a turnê do show “Caetano & Bethânia” passa país afora. E, no Ceará, onde cantaram no último sábado (16), não foi diferente. Os irmãos saudaram a memória de Belchior (1946-2017)ao incluírem no roteiro “Mucuripe”, canção em parceria com Raimundo Fagner e imortalizada na voz de Elis Regina (1945-1982).
Bethânia já incluíra trecho de “Galos, noites e quintais” em espetáculo recente, mas, com o tributo, Caetano põe uma pá de cal numa antiga desavença em torno de seu nome e o do colega, nascido em Sobral (CE).
Os dois nunca foram próximos, e isso vem muito do posicionamento de Belchior a uma espécie de hegemonia dos artistas baianos (chamados, na época, de “BaiHunos” pelo pessoal d’ O Pasquim). Belchior disparou petardos em direção a Caetano em algumas de suas canções.
O mais célebre deles é certamente o de “Apenas um rapaz latino-americano”. Na canção, lançada no álbum “Alucinação”, Caetano, então com 34 anos, é pintado como “um antigo compositor baiano”.
Na mesma canção, Belchior rebate ainda o conceito de que tudo é divino, maravilhoso, difundido em “Divino maravilhoso”, canção de Caetano e Gilberto Gil lançada por Gal Costa (1945-2022) em fins dos anos 1960.
As antigas mágoas dissiparam-se pelo vento que sopra as velas no Mucuripe. Melhor assim.
Crédito da imagem: Davi Rocha