Da Vila e do mundo

janeiro 10, 2025

Filhos de Martinho da Vila prestigiam estreia de musical sobre o pai dirigido por Miguel Falabella

Dois fatos ocorridos entre 1969 e 1972 ajudaram a forjar o artista que Martinho da Vila se tornaria após deixar a caserna. O então promissor compositor torna-se seu próprio intérprete na marra. Outro acontecimento que marcou o artista foi a vez em que cantou em Angola pela primeira vez, em 1972.

Esses fatos são os pilares centrais de “Martinho, coração de Rei – O musical”, que estreou, na noite da última quinta-feira (09), no Teatro Riachuelo, Centro do Rio de Janeiro. O espetáculo ganha forma e dinamismo pelas mãos do sempre competente Miguel Falabella a partir do ótimo texto elaborado pela historiadora e pesquisadora Helena Theodoro.

Com um prólogo ainda claudicante, o espetáculo decola a partir do momento em que a figura de Martinho vem para o centro da cena. E, assim, voa alto. O personagem-título é desmembrado entre quatro intérpretes (um deles Preto Ferreira, caçula do sambista) – todos muito bem escolhidos – num recurso usado também por Falabella em “Os monólogos da vagina” e, mais recentemente, no bem-sucedido “Marrom, o musical”, sobre Alcione.

O Martinho já amadurecido e senhor de si coube a Alan Rocha numa escolha assertiva. O ator, que já dissera a que veio em “A cor púrpura”, mostra que já tem seu lugar de fala (e de fato) no teatro brasileiro. E um exemplo disso está na cena em que o compositor dá voz ao cantor de timbre personalíssimo ao gravar “Disritmia”. E ele, que interpreta também o Griô,  brilha ao personificar o saudoso Jamelão (1913-1998), cantor famoso pela rabugice.

A cronologia estende-se até 1988, quando Martinho põe o país para cantar “Kizomba, a festa da raça”, samba-enredo que deu o título à Vila Isabel. Virada essa página, o palco torna-se uma grande roda de samba na qual clássicos  como “Madalena do Jucu”, “Roda ciranda”, “Quem é do mar não enjoa” e, claro, “Canta, canta, minha gente” são entoados. E, na noite da estreia, as quatro filhas do homenageado incrementaram “a roda que gira”: Analimar, Martnália, Juju Ferreira  e Maíra Freitas.

O 07 de Setembro era uma data importante para o então sargento Martinho José Ferreira, que, em 1969, aposentou a farda para marcar posição na música brasileira. Assistir a “Martinho, coração de Rei” é, portanto, um ato cívico. E, como na letra de “Disritmia”, a boemia é embriagante. É bom ir logo.

Crédito das imagens: Vera Donato

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