Celebração merecida

outubro 28, 2024

Zélia Duncan reúne afetos e talentos da música para festejar seus 60 anos em show antológico no Rio de Janeiro
Talentos: Zélia Duncan (ao centro) com Juliano Holanda, Isabella Taviani, Simone, Almério, Lucina e Paulinho Moska

“Passa o tempo\Passa a vida\ Minha voz fica”. Foi com “Fica”, sua parceria com Alzira E, que Zélia Duncan encerrou, comovida e gratificada, a apresentação do show-celebração pelos seus 60 anos. O festejo reuniu, na noite do último sábado (26), amigos e parceiros fundamentais na trajetória da artista. E a lista inclui grandes vozes femininas de diferentes gerações, como as de Simone, Isabella Taviani e Ana Costa, talentos como Moska e Almério, e parceiros (de vida), sendo Lucina a mais longeva e Ana Costa e Juliano Holanda os mais recentes e não menos profícuos.

Sim, o tempo passa, e a voz de Zélia embala nossas vidas desde que ganhou projeção em âmbito nacional devido ao estouro de “Catedral”, versão assinada por ela e por Christian Oyens para “Catedral song”. Se na canção, ela atravessou um deserto, na vida artística, diferentes Brasis foram atravessados por seu timbre caloroso  em mais de três décadas de carreira fonográfica . E o público que lotou o Circo Voador, levando os ingressos a esgotarem-se com antecedência, fez-se presente e reverente.

Reservada para o bis, “Catedral” levou a artista a se surpreender com uma falseta dos fãs. Pulseiras fluorescentes foram distribuídas antes de o show começar e, durante o número, foram colocadas em uso. Esse foi, aliás, um dos muitos momentos emocionantes do show, dirigido com competência e sensibilidade por Marcio Debelian.

Plenamente recuperada de uma forte gripe, Simone foi corresponsável por outros desses momentos. Ela e ZD reavivaram três números do histórico show “Amigo é casa”: “Petúnia Resedá” (Gonzaguinha), “Idade do Céu” (versão de Moska para a canção de Jorge Drexler)e “Gatas extraordinárias” (Caetano Veloso), numa homenagem por tabela a Cássia Eller (1962-2001), companheira de geração da anfitriã  e sua amiga desde a juventude em Brasília.

Outra homenagem merecida e preparada no calor do momento foi a prestada ao poeta Antonio Cícero, que morreu na última quarta-feira (23). Acompanhada pelo teclado, Zélia cantou “Fullgás”, a célebre parceria de Cícero e Marina Lima. Cícero foi homenageado também, minutos antes, pelo DJ Lencinho, que pedira um minuto de barulho para aquele que é um dos grandes letristas da nossa música pop.

Outro dos muitos pontos altos foi  “Não é não”, parceria com Ana Costa e lançada no álbum “Eu sou mulher, eu sou feliz”. A canção, de versos pungentes como “Quem manda no meu corpo\É minha vontade inteira”, contagiou o público ao reunir no palco Simone, Taviani, Luciana, as backings e a própria Costa.

As sete cabalísticas participações especiais irmanaram-se “Nos lençóis desse reggae”, outro petardo do segundo álbum da artista (o mesmo de “Catedral”). O número teve direito ainda a “Vamos fugir”, de Gil e Liminha”, e a “One Love”, de Bob Marley (1945-1981), papa do gênero.

Se, lá atrás, um blackout acendeu a artista por dentro, hoje, aos 60 anos, a voz de Zélia Duncan fica. Sim, a festa acaba e sua voz fica. E que assim permaneça.

Crédito das imagens: Cristina Granato

Posts recentes

À Pimentinha

João Bosco e Pedro Mariano unem-se para cantar clássico em homenagem à Elis Regina; show teve também Ivan Lins e Fagner

Requinte à mesa

Mariana Ximenes prestigia lançamento de nova coleção de móveis de Patricia Anastassiadis