Fátima Guedes tinha 20 anos quando, em 1978, juntou uma grana para assistir a “Transversal do tempo”, show que Elis Regina (1945-1982) apresentava em São Paulo. A investida tinha sua razão: Elis, já uma de nossas maiores intérpretes, cantava no espetáculo “Meninas da cidade”, da compositora – longe ainda da estrela que se tornaria na década seguinte.
– Cheguei ao teatro e logo fui levada ao camarim para conhecer Elis. Ela me disse que, por eu estar presente, não cantaria bem a canção, o que, claro, não aconteceu e ela me fez assistir ao número aos prantos – rememora Fátima, hoje uma das mais importantes compositoras da MPB.
Elis viria a incluir também a canção de protesto “Onze fitas” no histórico “Saudade do Brasil”, em 1980, ano em que Fátima gravou seu LP de estreia. Elis acabou sendo uma espécie de madrinha da compositora, que, em 1979, tornou-se conhecida ao emplacar canções nos LPs “Mel” e “Pedaços”, lançados, respectivamente, por Maria Bethânia e Simone no fim daquele ano.
A relação de Fátima com nossas maiores intérpretes será abordada pelo pesquisador Saulo Laranjeira na conversa que terá com a autora, nesta sexta (03), às 19h, no Centro Cultural Raul de Leoni, em Petrópolis, cidade serrana fluminense. O evento, que contará também com show da cantora, será registrado para o documentário “A música cantando a nossa história – Um Rio de sons”, em homenagem a grandes nomes da nossa música.