Caetanear: o que há de bom

maio 28, 2023

Caetano Veloso homenageia Rita Lee e Gal Costa e põe multidão para cantar seus sucessos no Rio de Janeiro

Rita Lee (1947-2023) tinha mesmo razão. Caetano Veloso é o autêntico “Homem vinho”. Com a faixa, lançada no álbum “Santa Rita de Sampa” (1997), Rita, a mais completa tradução de São Paulo, fez mais do que retribuir, duas décadas depois, a homenagem feita pelo baiano em “Sampa”. Ela atestou que Caetano maturava com o tempo. E isso ficou evidente, na noite do último sábado (27), quando o artista subiu ao palco do TIM Music, na Praia de Copacabana, colocando mais de 80 mil pessoas para cantar com ele as canções de seu álbum mais recente, “Meu coco”, e muitos de seus sucessos.

O primeiro deles foi a supracitada “Sampa”, terceira canção do roteiro, aberto com as recentes “Meu coco” e “Anjos tronchos”. Com a canção, gravada originalmente em “Muito” (1978), a multidão que lotou a areia para reverenciar o artista cantou com ele, como uma forma de exorcizar a tristeza (que “é senhora”) pela perda da roqueira. E o coro dos contentes não desafinaria nas demais 16 canções do show.

Caetano está, aos 80 anos, pleno. E, por isso, mais próximo da figura pintada por ele em “O homem velho”, gravada em “Velô” (1986). Se a alma está saturada (no bom sentido) de poesia, ele ainda serve de farol. E a brisa leve, que soprava naquele início de noite, espalhou o seu olor, contagiando a todos.

A afinação ainda faz dele um de nossos maiores (e melhores) cantores. E o violão continua vigoroso, como atestado no set em que se acompanho sozinho. E, não por caso, “Sozinho”, a balada de Peninha, abriu a série intimista. E a plateia lá, cantando juntinho. E o mesmo se deu com “Tigresa” e com “Desde que o samba é samba”.

As mazelas que grassaram o país nos últimos quatro anos não foram esquecidas pelo artista. A barbárie contra o povo Yanomami foi reavivada com “Um índio”, deixa para banda voltar à cena, seguida de “Não vou deixar”, a dos versos “Não vou deixar você esculachar\Com a nossa História” e na qual, alguns versos adiante, o neto do artista constata que o “o vovô está nervoso”.

“Nervoso e manhoso”, Caetano foi deixando ambas de lado ao elencá-las a “Qualquer coisas”, seguida de clássicos como “Cajuína”, “O leãozinho”, “Baby”, numa homenagem declarada a Gal Costa (1945-2022), e “Menino do Rio”.

Em “Sem samba não dá”, sambou com Pretinho da Serrinha, um dos seis músicos excelentes que compõem sua banda. E a apresentação ganha um quê de “Bicho Baile Show” com “Odara”, seguida por “Reconvexo” num final apoteótico, culminando com “Luz de Tieta”. E o público ali, cantando tudo.

Caetano é o que é e não doura pílula. Se em “Muito romântico”, quinta canção do roteiro, quer um “acorde perfeito maior\Com todo mundo podendo brilhar num cântico”, isso se deu ao longo da apresentação. Sim, Caetano é um autêntico “Homem vinho”. E o “tempo, tempo, tempo, tempo” só lhe fez – e faz – bem.

Crédito da imagem: R2

 

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