É um dia triste para a literatura brasileira. A escritora e acadêmica Nélida Piñon faleceu em Lisboa, na tarde deste sábado (17), aos 85 anos. A imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), eleita em 1989, era ocupante da cadeira de número 30 e foi a primeira mulher a exercer o cargo da presidência da entidade em 100 anos. O poeta e imortal Geraldo Carneiro lamentou, em conversa com NEW MAG, a morte da escritora.
– Nélida foi uma pessoa imprescindível. Uma amiga encantadora, firme, presente e militante de todas as causas possíveis. Todos os seus amigos são muito apaixonados por ela. Eu a conheci há 46 anos na PUC Rio. Eu era um fedelho, e ela já era uma escritora consagrada. Com o passar dos anos, tive o privilégio de ter a sua amizade. Ela e minha mulher, Ana Paula, também foram muito amigas. Nélida foi uma escritora épica, com uma conjugação singular que vai fazer muita falta, mas que deixa para nós as suas obras para nos consolar e matar a saudade – afirmou o poeta.
Nascida em 1937, no Rio de Janeiro, Nélida Piñon formou-se em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e contribuiu para diversos jornais e revistas literárias. Com mais de 20 livros publicados, teve suas obras traduzidas em mais de 30 países. Estreou na literatura com o romance “Guia-mapa de Gabriel Arcanjo” (1961). Também é autora de “A casa da paixão”(1972), vencedor do Prêmio Mário de Andrade, e do romance autobiográfico “A república dos sonhos” (1984).
Entre os mais diversos prêmios recebidos ao longo da carreira estão o internacional Juan Rulfo de Literatura Latino-Americana e do Caribe (1995), primeira vez dado a uma mulher e autora de língua portuguesa. Além disso, Nélida foi a primeira mulher consagrada como Doutora Honoris Causa pela Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha, em 1998. A escritora também foi a titular, de 1990 a 2003, da Cátedra Henry King Stanford em Humanidades, da Universidade de Miami.
De acordo com a ABL, o sepultamento de Nélida Piñon será no mausoléu da entidade e haverá, em março de 2023, a “Sessão da Saudade” em homenagem à autora.
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