Desde que estreou, a minissérie “Adolescência” vem despertando opiniões diferentes no público e no mercado do audiovisual. Um dos pontos mais abordados é a linguagem adotada. A produção abusa dos chamados planos sequência, quando o diretor grava cenas longas, com uma única câmera e sem cortes. Algo de dificuldade técnica bastante alta. Em meio a todo este debate, o diretor Mauro Mendonça Filho, experiente em novelas brasileiras, fez algumas observações sobre as escolhas da série britânica, dirigida por Philip Barantini.
– O objetivo dramático ao se adotar planos sequências longos é buscar uma imersão, uma vez que o tempo cênico é semelhante ao da vida real e o olhar penetra os espaços, invadindo as vidas das personagens. A realização de “Adolescência” é absolutamente bem sucedida em atingir os seus objetivos, pois o resultado é altamente dramático, aliado a um rigor técnico exemplar e performance de altíssimo nível – elogia o diretor sobre a produção da Netflix, em seu perfil nas redes sociais.
Ele lembra ainda que a linguagem com cortes, tão usada também nas novelas de muitos capítulos, tornou-se padrão justamente por conta das dificuldades técnicas.
– Em um plano sequência, inúmeras dificuldades surgem. É um microfone que aparece no quadro, outro que faz sombra, é um figurante que olha para a câmera ou esbarra no ator, é um ator que esquece a fala. Tudo isso gera tensão e concentração de todos da equipe. Esse nervosismo pode deixar o resultado frio, gerando o efeito contrário do que se propõe. Linguagens devem se manter firmes do começo ao fim, como um norte, sem concessões, ou deixa de ser linguagem – conclui ele.
Em entrevista recente ao NEW MAG, o ator Cássio Gabus Mendes também elogiou a trama, como publicado aqui.
Crédito da imagem: Eny Miranda