‘Acho a ideia uma maluquice’

maio 25, 2024

O arquiteto Edgar Moura Brasil, viúvo de Gilberto Braga, opina sobre o possível remake de "Vale tudo", novela que parou o Brasil

Entre 1988 e 1989, num tempo ainda analógico, uma novela catalisou as atenções do Brasil, que tinha, à época, pouco mais de 145 milhões de habitantes. O folhetim em questão era “Vale tudo”, escrito por Gilberto Braga (1945-2021), mestre do gênero, com as colaborações de Aguinaldo Silva e Leonor Bassérres (1925-2004). O último capítulo da trama conseguiu a marca de 94 picos de audiência, feito muito distante das marcas alcançadas pela TV aberta hoje.

O remake de “Vale tudo” está nos planos da TV Globo como uma das atrações que celebrarão os 60 anos da emissora em 2025. Glória Pires, que viveu a vilã Maria de Fátima na versão original, foi sondada para interpretar outra vilã na trama, a icônica Odete Roitman, imortalizada por Beatriz Segall (1926-2018). Glória, que não tem mais contrato fixo com a Globo, não chegou a um acordo com a emissora, à qual teria pedido R$ 2 milhões de salário, segundo foi veiculado pela imprensa.

NEW MAG conversou, na manhã deste sábado (25), com o arquiteto Edgar Moura Brasil, viúvo de Gilberto Braga, com quem viveu por quase cinco décadas. Ele se disse totalmente contrário à realização do remake e apresenta a seguir as razões que pautam sua opinião sobre a iniciativa.

– Acho a ideia uma maluquice completa! A novela conseguiu um resultado perfeito em diferentes sentidos: texto perfeito, direção perfeita, escalação perfeita, trilha sonora… Tudo é perfeito ali. Como serão abordados os temas discutidos pela novela nesses tempos atuais, em que tudo é pautado pelo politicamente correto? Sou totalmente contra – sustenta ele.

“Vale tudo” tinha como mote a questão: vale a pena ser honesto no Brasil? A versão original reuniu interpretações antológicas de um elenco que, além das supracitadas Glória Pires e Beatriz Segall, reuniu ainda Renata Sorrah, Antonio Fagundes, Regina Duarte, Cássio Gabus Mendes e Lídia Brondi, entre outros. Alcançar coesão semelhante é algo que Edgar aponta como um dos fatores difíceis de serem superados:

– A emissora está dispensando seus grandes talentos e privilegiando jovens atores sem a mesma força. Tudo é nivelado por baixo agora.

Indagado se o resultado poderia surpreender como nos remakes de “Pantanal” e, atualmente, no de “Renascer”, Edgar destaca a força dramatúrgica da trama original.

–  “Vale tudo” tinha na força dos diálogos um de seus pilares. “Pantanal” não tinha nada. Era um bando de mulheres nuas nadando de um lado para o outro – arremata ele.

Crédito da imagem: Eny Miranda

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