‘Aceitar quem somos é curativo’

janeiro 7, 2025

Mouhamed Harfouch celebra 30 anos de carreira estrelando pela primeira vez um monólogo pautado por sua própria genealogia

Ao longo dos 30 anos de carreira, o público já teve oportunidade de ver  Mouhamed Harfouch como um compositor de sofrência goiano (“Rensga Hits”), professor (“Malhação”), médico (“Verdades secretas”), entre outras facetas. Agora, no entanto, o artista decide dar a sua própria cara a tapa. 

Em “Meu remédio”, monólogo que estreia nesta sexta (10), no Teatro Ipanema, ele mergulha na sua história pessoal, buscando temas como identidade, pertencimento e aceitação, passando por sua ascendência árabe. 

 —  A peça nasce da minha vontade de entender e compartilhar a relação com o meu nome, com minha história de vida, com a mistura de culturas que carrego. Sou filho de imigrantes, sírios por parte de pai e portugueses por parte de mãe. Crescer com um nome tão emblemático em um Brasil dos anos 1970, em que o preconceito e a dificuldade de aceitação eram muito presentes, não foi fácil — reflete o ator e cantor.

O próprio título escolhido por ele, que também é produtor da peça, faz uma alusão fonética às sílabas do seu primeiro nome. Seu interesse por um espetáculo assim surgiu quando ele estava na novela “Órfãos da Terra”, de 2019, que trazia a temática dos refugiados árabes. Mas ela se intensificou e foi escrita mesmo ao longo da turnê da peça “Quando eu for mãe quero amar desse jeito”, que encenou ao lado de Vera Fischer

A direção é de João Fonseca, conhecido por estar à frente de musicais biográficos no teatro, como os de Cazuza (1958 – 1990), Tim Maia (1942 – 1998) e Cássia Eller (1962 – 2001). Com ele, o ator também apresentou outro monólogo, “Homem de lata”, este completamente online, no período de isolamento social da pandemia. 

Se naquele momento, a cura que se buscava era para a covid-19, agora o tratamento é mais psicológico e social para Mouhamed. 

— Um nome nunca é só um nome. É uma jornada, fala dos que vieram e dos que virão. Poder enxergar melhor os caminhos de fora e nossos desejos é algo que me move. “Meu remédio” foi um ponto de partida, pois aceitar quem somos é curativo e a arte salva — conclui.  

Crédito da imagem: Gustavo de Freitas Lara

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