Inaugurado em 1967 com show de Maysa (1936-1977), a artista mais popular de então, o Canecão fez História ao promover apresentações memoráveis. Foi ali o show que juntou pela primeira vez, em 1975, Chico Buarque e Maria Bethânia. Grupo formado por Bethânia, Gal Costa (1945-2022), Caetano Veloso e Gilberto Gil, os Doces Bárbaros se apresentaram na casa no ano seguinte e, em 1977, outro quarteto botou para quebrar no local, desta vez formado por Tom Jobim (1927-1994), Vinicius de Moraes (1913-1980), Toquinho e Miúcha (1937-2018). Foi lá também onde, em 1980, Elis Regina (1945-1982) apresentou “Saudade do Brasil”, superprodução para os padrões (e o Brasil) da época. Estórias são muitas…
Pois o Rio poderá ter de volta essa casa onde, como bem descreveu Ronaldo Bôscoli (1928-1994), foi escrita a História da MPB. Fechado em 2010 – e abandonado desde então –, o Canecão começa a ser reconstruído por duas empresas: a Bonus Track Entretenimento e KLEFER. O consórcio formado por elas venceu a licitação e vai administrar a casa pelos próximos 30 anos.
O investimento previsto é de R$ 184 milhões com contrapartidas à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), dona do terreno onde se encontra a casa. Serão construídos dois prédios de salas de aula e refeitório com capacidade para servir até 2 mil refeições por dia.
A parceria entre as empresas é antiga. Na década de 90, transformaram em casa de espetáculos o antigo Cine Imperator, no Méier, Zona Norte da cidade. A casa foi reaberta por simplesmente Shirley MacLaine e foi lá onde Bethânia celebrou seus 25 anos de carreira.
– Devolver espaços culturais à cidade do Rio é algo que sempre nos moveu. Foi assim nos anos 90, com o Imperator, e, mais recentemente, na transformação do abandonado Teatro do Jockey em Teatro XP – celebra Luiz Guilherme Niemeyer, destacando a importância do Canecão: – A casa tem um sentimento ainda mais especial, por ser uma referência nacional da história da música brasileira.