A dança é o oxigênio de Anselmo Zolla. Não à toa, ele é hoje um dos coreógrafos mais respeitados no país. E o trabalho como diretor artístico da Studio3 Cia de Dança é uma prova disso. Zolla iniciou este ano uma colaboração para o Projeto Especial de Dança da São Paulo Escola de Dança. E o resultado é a coreografia “E assim foi…” que será apresentada, juntamente com outras duas criações, na próxima terça-feira (04), às 20h, no MASP Auditório, em São Paulo, com entrada franca.
O Projeto Especial da São Paulo Escola de Dança é formado por estudantes dos cursos regulares da instituição, ligada à Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, com gestão da Associação Pró-Dança. E na mesma noite serão apresentados também “Cartas de amor” e “Opon Ifá e a dança dos búzios”, com a participação de alunos do curso de teatro musical da escola. “E assim foi…” é uma fábula contemporânea com referências a lendas e a elementos culturais da Região Norte do país, com especial destaque à fauna e à flora da Amazônia.
– Dois grupos de seres humanos habitam a grande floresta e, a partir do encontro de jovens, um de cada grupo, rompem-se tabus, interditos e tradições de seus respectivos círculos sociais, aproximando, assim, as duas comunidades – explica Zolla, destacando que essa aproximação se dá de forma gradual: – As descobertas de suas diferenças e semelhanças ocorrem em etapas, na alternância dos ciclos de suas rotinas, festas, alimentação e rituais. A aproximação dos grupos os faz esquecer os medos impostos por tanto tempo.
E o mestre levou à empreitada colaboradores de peso, alguns deles da Studio3 Cia de Dança. É o caso do bailarino e DJ Joaquim Tomé, que assina a trilha sonora da coreografia. Já a dramaturgia ficou a cargo de Andrea Cavinato e a locução, de Tuna Duek.
A história da formação do Rio Amazonas e trechos do poema “Cobra Norato”, de Raul Bopp (1898-1984), um dos expoentes do modernismo brasileiro, foram alguns dos elementos que nortearam Andréa na dramaturgia, como ela conta:
– Quando Anselmo me procurou, ele já veio com a ideia de que a obra fosse inspirada na região Norte, com dois grupos distintos, onde um viraria rio e o outro, lua. Ele também propôs a ideia de lenda. Quando comecei minha pesquisa, encontrei a lenda da formação do rio Amazonas, lendas da região que somadas a cantigas da cultura popular e a frases de contos, entre outras referências, que ajudaram a compor a dramaturgia.
Referências aos muitos Brasis deste país. E Anselmo Zolla é ele próprio parte deles.
Crédito das imagens: Leandro Menezes (alto) e Charles Lima