Uma noite calorosa, respeitosa e surpreendente. Assim pode ser definido o show que abriu, na noite da última terça-feira (06), em João Pessoa (PB), a turnê nacional de “Que tal um samba?”, novo show de Chico Buarque que conta com a participação especialíssima de Monica Salmaso. Todos os 2.900 lugares do Teatro Pedra do Reino foram ocupados para reverenciar o grande artista na sua volta aos palcos depois do hiato provocado pela pandemia.
Bandeiras e toalhas estampando o rosto de Luís Inácio Lula da Silva, candidato do PT à presidência da República, espalhavam-se pela plateia. Pouco antes de o show começar, o refrão do candidato (“olé, olé, olá”) foi entoado pelo público. Não, não era impressão: o samba vinha aí. E veio de fato.
O show é aberto por Monica Salmaso que canta sozinha as seis primeiras músicas do roteiro. A primeira delas é “Todos juntos”, criada para o musical infantil “Os saltimbancos” (1977) e nunca incluída num show do artista. A cantora brilha em números como “Mar e lua” e, em “Beatriz”, a plateia a ouve embevecida como num concerto de câmara. Nos versos finais de “Paratodos”, sexta música do set, Chico surge em cena e, como no “Último blues”, ela – a plateia – delira.
O anfitrião e sua convidada dividem alguns números como a já clássica “Sem fantasia” e a irreverente “Biscate”. A partir de “Choro bandido”, a 12ª canção do roteiro, Chico assume o comando recebendo Salmaso em entradas esporádicas.
Chico e a cantora estavam tranquilos antes de o show começar. Foram 34 ensaios ao longo de um mês e uma semana. Cantores e músicos azeitados, dois ensaios gerais foram realizados, na surdina, nos dias 31 de agosto e 1º de setembro, no Vivo Rio, no Rio de Janeiro.
Do Rio, Cecília, Leila, Irene e Lia, netas do compositor, foram prestigiá-lo. Sim, as meninas cresceram assim depressa, mas não saíram (do show) estabanadas – pelo contrário. E o mesmo vale para a também presente Kati Almeida Braga, da Biscoito Fino, gravadora de ambos os artistas.
O que elas e todos viram foi um show tecnicamente impecável (o cenário de Daniela Thomas é um dos pontos altos) e musicalmente emocionante. E não poderia ser diferente em se tratando do (grande) artista brasileiro que Chico é. Que tal?
Crédito das imagens: Leo Aversa