Era o ano de 2007 quando a pianista ucraniana Valentina Lisitsa postou seu primeiro vídeo na internet. Avessa a tocar peças, escolheu o “Estudo opus 39 nº 6”, de Rachmaninov (1873-1943). Ela não imaginava que, dali em diante, se tornaria cada vez mais assídua naquele universo. E os números não mentem. Seu canal no YouTube tem hoje mais de 500 mil inscritos, com uma média de 75 milhões de visualizações por dia. E nas plataformas não é muito diferente: sua conta no Spotify tem mais de 1 milhão de ouvintes mensais.
Sim, as marcas na internet alavancaram sua carreira internacional, fazendo dela hoje uma cidadã do mundo. E, na próxima segunda-feira (05), o público fluminense terá oportunidade de vê-la ao vivo no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com produção da Dellarte.
Vivendo hoje na Rússia após uma temporada na Itália – onde, curiosamente, seu ofício não era respeitado pela vizinhança (e justo na terra da ópera)–, ela toma posição contra o cancelamento de autores russos e defende que os artistas tenham, como os médicos, o compromisso de salvar vidas.
– Deveríamos adotar algo semelhante ao Juramento de Hipócrates para os músicos, semelhante aos dos médicos, no qual se comprometem a ajudar qualquer um, amigo ou não, sem pedir passaporte ou perguntar o país de origem, religião, posicionamento político etc – defende ela, em inglês, ao NEW MAG, com direito à crítica: – No lugar disso, vemos agora a tentativa de cancelar Tchaikovsky ou Rachmaninov simplesmente por serem russos.
Bom seria se todos – além de médicos e artistas – zelassem pela vida uns dos outros.