A atriz Liliane Rovaris perdeu os pais num intervalo de um ano, entre 2015 e 2016. Um livro escrito no século XIX ajudou a atenuar o luto vivido por ela: “Crime e castigo”, obra em dois volumes do russo Fiodor Dostoiévski (1821-1881). Uma notícia lida no jornal em 2018 chamou sua atenção: “Crime e castigo” é o livro mais lido nas penitenciárias brasileiras. A obra é resenhada pelos detentos e isso ajuda a reduzir o tempo da pena a que foram condenados. A releitura da obra e a descoberta motivaram a nova incursão da artista nos palcos: “Crime e castigo 11:45”, que ela estreia nesta quinta (14) no Sesc Copacabana.
E o texto foi elaborado num ambiente que poderia ser intimidador, mas que acabou sendo de suma importância: oficinas teatrais para os detentos no Degase.
– “Crime e castigo” é o livro mais lido entre os presos no Brasil. Desde que soube dessa Informação, e também impulsionada pela obra, quis muito fazer um trabalho com os detentos a partir do livro – explica a atriz chamando atenção para os novos horizontes abertos pela experiência: – Esse projeto é muito especial, pois vai além da peça. Ele me trouxe mundos diversos, como o do Degase, e me levou ao encontro de pessoas com as quais jamais pensei encontrar antes.
E, a partir daí, aliado à direção de Camila Márdila, ao lado de quem integra o Areas Coletivo, a necenação começou a ganhar forma. Não somente um rumo como contornos trazidos por outros elemntos. As cenas são entremeadas com canções de David Bowie e a concepção traz influências de nomes como a escritora e atriz argentina Lola Arias e o também ator e escritor o norte-americano Spalding Gray. E o resultado enche a artista de entusiasmo:
– O resultado me traz, sobretudo, o desafio de realizar um trabalho em que posso exercer ainda mais minha visão como artista.