“Sou mulher, sou alguém\Quero ir mais além”. Os versos de “Sou do povo” compõem um autorretrato fidedigno de Karinah, cantora de voz poderosa que está lançando “Meu samba”, seu aguardado álbum de estreia que chega às plataformas nesta quinta (22). Parte do repertório do projeto, que tem direção artística de Zeca Pagodinho, foi apresentado na noite da última segunda-feira (19), no Bar do Zeca, Barra da Tijuca, onde a artista cantou e celebrou também seu aniversário cercada pelos amigos.
Às 21h30m, Karinah adentrou o palco catalizando as atenções com “Verdade”, samba imortalizado por Zeca e recriado por ela em single lançado no ano passado. O samba arrasa-quarteirão abriu alas para a supracitada “Sou do povo” (Gabrielzinho do Irajá, Alexandre Chacrinha e Flavinho Bento), de cujo refrão saiu o nome do álbum.
Produzido por Max Pierre, “Midas” que conhece os meandros do mercado fonográfico, “Meu samba” traz pérolas de alguns dos mais importantes nomes do segmento como Xande de Pilares, Moacyr Luz, Dunga de Vila Isabel (autor de dois temas predestinados ao sucesso) e o próprio Zeca, claro.
E todos eles prestigiaram a artista no evento, onde estiveram também mestres como Neguinho da Beija-Flor, Rildo Hora (responsável por alguns dos arranjos do álbum), Dudu Nobre e Ana Costa, além de personalidades como o apresentador Milton Cunha e a designer de moda Alessa Migani, reunidos ali pelos promoters e empresários Liège Monteiro e Luiz Fernando Coutinho.
— Esperei duas horas para tomar meu vinho e você,que mal chegou já está com sua taça na mão? – provocou Zeca Pagodinho ao encontrar Xande de Pilares. Sim, Zeca estava no vinho, e o chiste nada tinha a ver com o excelente serviço da casa, mas um exemplo da descontração que tomou conta da noite. E ela resvalou também para o palco, aonde os próprios Zeca e Xande, além de Dudu, foram chamados.
E, diante do pedido para este cantar a música-tema de “A grande família”, o bamba não se fez de rogado e tratou de puxar o “Parabéns a você”, com direito à versão imortalizada pelo palhaço Carequinha (1915-2006), inclusive.
A noite contou ainda com tributos a Beth Carvalho (1946-2019) e a Clara Nunes (1942-1983) e foi encerrada por ritmistas da Mangueira, que relembraram sambas-enredos como “Brasil com Z é pra cabra da peste” e “Atrás da Verde-e-rosa só não vai quem já morreu”.
Àquela altura, Karinah sambava com a galera em frente ao palco. Afinal, era seu aniversário e ela estava ali também pera celebrar.
“Meu samba” é da Karinah que, generosa, o reparte com todos os que ali estavam. E esse samba – que é dela e de todos – tem tudo para ganhar o país. Evoé!
Créditos: Christovam de Chevalier (texto) e Roberto Filho (fotos)