Dan Stulbach vive um novo desafio em sua carreira — e isso é com ele mesmo. Ele viverá o agiota Shylock na nova montagem de “O mercador de Veneza”, inspirada no clássico teatral de Shakespeare (1564-1616). O papel já foi vivido no cinema por Al Pacino e pelo “papa” Laurence Olivier (1907-1989). No Brasil, o papel já foi interpretado por Pedro Paulo Rangel (1948-2022).
A peça estreia na próxima quinta-feira (22) no Teatro Nelson Rodrigues, na Caixa Cultural do Rio de Janeiro. Com ambientação contemporânea, o clássico, escrito no século XVI, é levado para o fim do século XX em uma escolha que não foi por acaso.
— A história, escrita no contexto do capitalismo emergente do século XVI, foi transportada para os anos 1990, década marcada pela aceleração da globalização e pelo surgimento de uma nova ordem mundial — explica a diretora Daniela Stirbulov., que completa: — Estabelecemos a Bolsa de Valores como espaço central, implantando a atmosfera das negociações financeiras do tempo presente e o dinheiro como motor principal das relações.
Questões como o antissemitismo, o preconceito racial e as guerras motivadas pelo lucro e pelo capital são abordados na montagem. A peça, inclusive, é narrada do ponto de vista de Shylock, que cobra uma dívida do personagem Antonio, vivido pelo ator Cesar Baccan. O devedor oferece como garantia uma libra de sua própria carne, e o não pagamento desencadeia um julgamento dramático.
— A obra, atravessada por tensões religiosas e preconceitos, nos confronta com questões sobre intolerância, identidade e justiça tão atuais quanto no tempo em que foi escrita — arremata a diretora.
O espetáculo também promete surpreender o público visualmente com trilha sonora ao vivo, câmeras acompanhando atores em cena e projeções em tempo real no painel que compõe o cenário.
Crédito da imagem: Ronaldo Gutierrez