A fumaça branca mais aguardada dos últimos dias finalmente apareceu. O Papa Leão XIV foi eleito nesta quinta-feira (08) o novo líder da Igreja Católica no planeta. E, com o cargo, vem grandes responsabilidades. Além de dar continuidade às reformas do Papa Francisco (1936-2025), o primeiro pontífice norte-americano tem ideias bem diferentes das do líder máximo do seu país de origem, Donald Trump. Para falar sobre isso, NEW MAG ouviu com exclusividade Padre Jorjão, pároco da Igreja Nossa Senhora da Paz em Ipanema, no Rio de Janeiro, que comentou sobre o primeiro discurso do sumo pontífice e sobre sua escolha.
— Ele já era muito querido no Vaticano e muito consoante às ideias do Papa Francisco. Quando ele foi eleito, de fato, vi que é um homem profundamente emotivo, bom, e o nome que escolheu já diz tudo — opina o padre, que recorda como foi o último papa a chamar-se Leão — O Papa Leão XIII escreveu a primeira encíclica da Igreja em que se preocupava com as injustiças sociais. O mundo estava vivendo a Revolução Industrial, em que as pessoas trabalhavam em condições de penúria.
A escolha do nome, portanto, já dá um indicativo de como será o papado de Leão XIV, explica Jorjão:
— Ele mostra que é um papa que vai se preocupar com os pequeninos, com os simples, com os humildes, e mostra continuidade ao trabalho do Papa Francisco, preocupado com os mais simples e com os mais humildes. O nome que escolheu, a amizade que ele tinha com Francisco, traz muita esperança para todos nós, que ele traga muita paz ao mundo.
Outro ponto destacado por Padre Jorjão foi a passagem do então Cardeal Robert Francis Prevost pela América Latina, onde viveu parte de sua vida no Peru:
— Ele morou numa paróquia de uma população muito pobre, muito humilde no Peru, pessoas viviam uma situação difícil, e ele foi um grande sacerdote, um homem humilde, que conheceu e viu a situação das pessoas mais simples. No discurso na Basílica de São Pedro ele recordou particularmente aquele povo com quem viveu durante tantos anos, ou seja, é um Papa que tem o coração de pastor, como era o Papa Francisco.
A escolha pelo primeiro norte-americano chamou atenção, principalmente após o presidente dos EUA publicar uma imagem feita com inteligência artificial na qual ele aparecia como papa. O padre Jorjão não vê isso como uma influência direta no resultado do Conclave.
— Ele não teve poder sobre o conclave, a escolha foi divina providência. Não se esperava de jeito nenhum que houvesse um Papa vindo da América do Norte. Havia o cardeal Parolin e outros nomes cotados, ninguém pensava que fosse o cardeal de Chicago, isso foi uma zebra — afirma o padre, que completa: — Com certeza ele tem ideias opostas às de Trump. Ele ficou com o legado do Papa Francisco, que disse “temos que construir pontes, e não muros”. Essa era a sua mensagem central, um construtor de pontes.
Jorjão também revelou conhecer pessoalmente o novo papa, que era prefeito da comunicação dos bispos no Vaticano. E espera reencontrá-lo em breve.
— Cheguei a vê-lo quando estive no Vaticano, mas confesso que nunca tive a oportunidade de conversar com ele. Talvez esteja com ele agora que vou participar da designação do Jubileu das Famílias dos filhos de bem, em Roma. Estarei lá no último fim de semana de maio. Vamos ver se vou ter essa benção de Deus — arremata.
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