A designer de joias Maria Frering aproveito sua estada recente em Nova York para visitar, no Museu do Brooklyn, a sala reservada a Judy Chicago, artista novaiorquina cujo feminismo é uma de suas bandeiras. Ali, viu “O banquete” (“The Dinner Party”) composta por uma mesa em que seus 36 lugares são ocupados por mulheres pouco valorizadas, ou mesmo invisibilizadas, pela História.
Maria não imaginava que o impacto provocado pela obra reverberaria nela. A ponto de motivar uma coleção de joias. Isso mesmo. “Lugar” será lançada pela designer nesta terça-feira (06), quando ela inaugura também sua segunda loja no Rio de Janeiro, mais exatamente no Shopping Leblon.
– A marca tem como veio central a estética carioca. Então a gente fala muito sobre o que é brasileiro e sobretudo carioca em termos de cor e de bossa – explica a designer, que estudou no Gemological Institute of America, na Califórnia: – Sinto muito orgulho por ter transformado essa linguagem e por trazer algo genuinamente carioca ao segmento da joalheria. A gente tenta se manter fiel a isso: ao que reflete esse espírito carioca, sem esquecer as referências que vêm de variados artistas.
A loja é o segundo ponto da marca na cidade, onde tem já um espaço na Rua Dias Ferreira, no mesmo bairro. Maria tem planos de levar a grife a São Paulo (“entre 2026 e 2027”)e de a impulsionar mais no exterior, onde suas criações podem ser encontradas em pop up stores (lojas temporárias) em Londres, onde a designer vive.
– A primeira loja da marca é a da Dias Ferreiras, que segue firme, e estamos agora com a segunda, um passo superimportante para a gente e estou muito animada em relação a isso. Temos também frentes em Londres e vamos estar num evento grande, de duas semanas, com uma loja em Nothing Hill – celebra.
Filha da atriz e influenciadora Antonia Frering e neta de Carmen Mayrink Veiga (1927-2017) – dois símbolos de sofisticação no grand monde – Maria é discreta e reservada numa demonstração de sintonia com os novos tempos. E celebra, por isso, a conciência global crescente em torno do conceito do quiet luxury.
– O quiet luxury é uma das questões centrais da marca. Quando comecei a trabalhar com joalheria, percebi que precisava ir além da questão do valor monetário das peças. A joalheria vai muito além disso. Além do material que se usa, o desenho da joia e como ela é feita precisam ser valorizados. A nossa joia presa muito mais o desenho e a criação artística, com materiais do Brasil, uma mão de obra artesanal, que utiliza bordados numa técnica autoral que a gente desenvolveu – destaca a artista revelando uma de suas motivações: – A gente precisa olhar para a joia para além do seu material e isso é muito central no quiet luxury.
Sim, bom gosto vem de brço e precisa estar em sintonia com esses novos tempos, em que as mudanças climáticas apontam para uma sociedade mais consciente. E Maria Frering está atenta a essas questões. E não oderia ser diferente em se tratando de quem é e de onde ela vem.
Créditos: Christovam de Chevalier (texto), reprodução instagram (alto) e divulgação (joia)
