Como naquela canção, a flor rompe a terra decidida. A imagem vale para outra Flor, esta de carne e osso. A espécime em questão é Flor Gil. Filha da apresentadora e chef Bela Gil e do designer João Paulo Demasi, Flor cresceu num clã dos mais musicais que existem. Sim, ela cresceu e segue agora, como antecipado aqui, pela vereda aberta por Gilberto Gil, seu avô materno, e pela qual já seguiram seus tios (Nara, Preta, Bem e José), além de vários dos seus primos.
Flor lança seu primeiro álbum nesta quarta-feira , no Rio de Janeiro. O lançamento de “Cinema Love” será num evento intimista e reservado aos amigos e, claro, aos familiares da artista. O caminho que a leva à música foi trilhado de forma natural, como ela conta com exclusividade ao NEW MAG.
– Essa decisão aconteceu naturalmente. O processo de tomar essa decisão e escolher um estilo veio muito de um lugar onde tive liberdade para escolher o que iria fazer em razão do apoio da minha família e da música feita por eles. Eu nasci fora e isso é algo que me difere dos meus tios, dos meus primos e do meu avô. Acho que consigo trazer algo de fora e misturar com aquilo que eu sei e que me ensinaram muito bem.
O caminho foi natural, o que não significa que ela não tenha precisado lidar com certos fantasmas – alguns deles externos. Enquanto no ambiente doméstico, a pressão era zero, lidar com a expectativa dos outros éapontado por Flor como a coisa mais difícil com que precisou lidar.
– Já me senti um tanto pressionada e não pelas pessoas à minha volta, mas pelas de fora em razão das expectativas que elas têm. Acho que talvez esse tenha sido o fator mais difícil: o de lidar com a expectativa – reconhece a artista, destacando também a originalidade da sonoridade por ela encontrada: – E também com a execução, por saber que estava fazendo algo diferente da expectativa das pessoas. Foi difícil lidar com isso, mas, quando consegui driblar esse medo e essa insegurança, consegui fazer as coisas com mais leveza.

Morando em Nova York, Flor está atenta ao que a cidade oferece de mais cosmopolita e diverso. Não à toa, se vê como uma cidadã do mundo e essa sensação mão é algo recente, mas que a acompanha desde que ela se entende por gente, como ela conta:
– Sempre me vi como uma cidadã do mundo. Já morei em vários lugares e já me mudei de várias casas e de escolas, ambientes onde se constrói um lar. Esse lar na minha cabeça já mudou muitas vezes e me sinto pertencente a muitos lugares e impermannete em outros, mais específicos, e vejo-me como uma cidadã do mundo.
O distanciamento geográfico aguçou sua percepção para nossa música e,em especial, para o comportamento mais expansivo do brasileiro. A ligação afetiva com o Rio de Janeiro vem de seus pais e continua,como ela mesma conta, inabalada.
– Nunca me senti pertencente a um lugar, mas, desde quando saí do Brasil, percebi muito o valor que o país tem e que o Rio tem em especial para mim. Sou ligada à essa cidade por causa da minha família. E também pelo português, pela língua brasileira, pela História e pelo jeito de ser. O povo brasileiro é muito caloroso.
Caloroso e afetuoso, como essa Flor que desabrocha e abre-se, assim, inteira à Deusa Música. E ela não tem agora outra alternativa senão a de fazer o canto, cantar o cantar. Laiá-la…
Créditos: Christovam de Chevalier (texto) e divulgação (imagens)