“Ele era um gentleman”. É com essa frase que, de cara, Mario Vargas Llosa, que morreu no último domingo (13), aos 89 anos, é descrito por Edney Silvestre. Edney entrevistou o escritor peruano em 2007, quando Llosa, já consagrado no Brasil, passou a ter sua obra editada pela Alfaguara, hoje encampada pela Record. O colega brasileiro não se fez de rogado e aproveitou a oportunidade para uma entrevista, exibida então pelo hoje extinto (e saudoso) “GloboNews Literatura”.
O local escolhido para a conversa foi o pub (“O mais próximo do ambiente clássico que eu queria”) do antigo hotel Sofitel (hoje Fairmont), em Copacabana. Lhosa estava de gravata e, ao ver que o entrevistador apresentava-se mais despojado, tratou de tirar o acessório, como Edney conta:
– Ele tinha esse cuidado de te deixar à vontade como se estivesse lidando com alguém de igual para igual. Tinha mais um ar de diplomata do que exatamente de escritor. Falava com todos e a equipe ficou louca por ele.
Não somente a equipe. As mulheres que cruzaram como escritor pelo hotel, não desfarçavam o alvoroço pela sua figura, que, segundo o jornalista,lembrava a de um ator dos anos 1940.
– Ele era um homem alto e austero e, somado isso à sua elegância, seu tipo lembrava o de um galã de Hollywood – compara Edney, que destaca o fato de Lhosa adorar jogar conversa fora (ou, no caso, melhor seria dizer dentro), como um grande causeur.
– Lembro que já estávamos posicionados no cenário e, enquanto a iluminação era afinada, ele fez comentários sobre o (livro) “Pantaleão e as visitadoras”. Ele comentou que achava que a narrativa o levaria para um drama, quando acabou que o livro revelou-se mais uma comédia. Recordo de ele frisar que não se tratava nem mesmo de uma sátira, mas de uma comédia mesmo – arremata Edney.
Créditos: Christovam de Chevalier (texto) e reprodução\instagram (imagem)