Desde o fim de janeiro, o público de São Paulo conta com um novo espaço para assistir a espetáculos especiais. O Teatro D-Jaraguá reinaugurou com a peça “Balada acima do abismo”, em que a atriz Maria Fernanda Cândido e a pianista Sonia Rubinsky interpretam textos de Clarice Lispector (1920 – 1977), como noticiado aqui. O projeto do novo espaço foi idealizado e executado pelo ator e diretor Darson Ribeiro. Também curador do espaço, ele conta que as peças serão selecionadas com um olhar artístico afiado da sua parte.
— O nome da Maria Fernanda inaugurando esta sala já deu a cara do teatro. Costumo dizer que as salas de espetáculos têm que ter uma cara. E é difícil para os donos de teatro não venderem-se para a especulação financeira. Você coloca um stand-up comedy que lota, mas perde a cara. Determinados espetáculos não coincidem de estar na mesma sala, em um lugar que visa mais a comercialização do ingresso do que a curadoria artística. Teremos peças mais elegantes e profundas, como é Clarice Lispector. Abrir um teatro com Clarice é uma ousadia tremenda. Apesar de ela ser maravilhosa, premiada, das nossas maiores, ela não é para todo mundo — avalia Darson.
A sala fica no prédio do hotel Nacional Inn Jaraguá, da empresa hoteleira que financiou a reinauguração do espaço, que antes chamava-se Teatro-D. Darson fez uma obra completa no local. Entre as mudanças, o palco foi rebaixado e ganhou também largura, os camarins foram remodelados, para receberem também grandes equipes e a área da plateia também está renovada. No segundo semestre, ele irá reestrear uma peça dirigida por ele, intitulada “O lado fatal”, que adaptou do conhecido livro de Lya Luft (1938 – 2021).
— Escrevi com ela ainda viva, um ano depois, infelizmente, ela faleceu. Vamos estrear lá, só não posso dizer ainda a atriz. Mas é uma atriz gloriosa. Pretendemos ficar um bom tempo em cartaz, porque essa peça vai reverberar tão bem e tão grandemente como está sendo a “Balada” — destaca.
A peça que fez Maria Fernanda vir de Paris, onde mora, para encenar em São Paulo tem realmente dado o que falar. A produção abriu sessões extras, que já estão esgotadas. Agora, Darson criou uma experiência diferente. Há uma nova sessão com refeição inclusa. No dia 9 de fevereiro, o público poderá chegar às 10h30 para apreciar um brunch no restaurante do hotel, e, em seguida, descer para o teatro, para assistir a “Balada acima do abismo”, ao meio-dia.
No dia 12 de fevereiro, a peça “Helena Blavatsky: A voz do silêncio” entra em cartaz com poucas sessões. Em seguida, Elisa Lucinda apresenta o aclamado “Parem de falar mal da rotina”, também em poucos dias, entre 20 e 23 de fevereiro. Em março, é a vez do espetáculo “Um tartufo”, com a Companhia Teatro Esplendor.
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