Diz o ditado que o fruto não cai longe do pé. Tom Karabachaim é filho de peixe e tem tudo para abrir as próprias picadas nesta senda na qual já segue seu pai, Paulinho Moska. Foi o que o rapaz demonstrou, na noite da última sexta (13), ao dividir o palco do Blue Note Rio com Zélia Duncan encerrando a temporada do ótimo “Lado Z”, show em que a artista, uma das mais interessantes da sua geração, traz à luz preciosidades dos lados B de seus álbuns.
– Eu o vi crescer e tenho muito amor por ele. Mas esse amor não significa que eu abra espaço para dividir meu palco com ele. Acontece que ele está seguindo um caminho próprio na música, e isso sim é um motivo mais que suficiente para eu dividir o palco com ele – declarou Zélia dando a deixa para Tom entrar em cena.
E ele não se fez de rogado. Com um figurino na mesma paleta de cores do da anfitriã, ele dividiu com ela os vocais de duas de suas próprias composições. A primeira foi “Sou assim até mudar”, canção-título do álbum lançado por Mart’nália em 2021 e regravada agora por ele no seu primeiro álbum, “Barato abstrato”, lançado em novembro.
O número foi seguido por “Domingo à noite”, escolhida para o clipe do novo projeto. Em ambas as músicas, quando não cantava, Zélia ouvia-o de forma contrita numa demonstração de que não estava ali como “tia”, mas como uma colega e, quem sabe até, uma madrinha artística.
A participação foi encerrada de forma afetuosa, com “Tom do amor”, parceria de Zélia com Moska e feita quando o rapaz era ainda um bebê, como a cantora explicou.
– A ideia dessa canção surgiu de uma conversa minha com a mãe do Tom (a empresária Naná Karabachian) sobre o amor. Tom era muito pequeno na época, e falamos não somente sobre esse amor incondicional, como sobre as outras formas de o amor se apresentar.
E o set terminou com o verso final da canção recitado por Tom, que alterou o tempo verbal para um agradecimento pessoal à artista: “Meu amor vai ser sempre seu”.
Zélia já havia recebido, ao longo da breve e assertiva temporada na casa, Júlia Vargas e Juliana Linhares. E os encontros demonstraram-se antológicos. E não poderia ser diferente em se tratando de uma artista generosa e multifacetada, capaz de se transformar em outras.
E também em outros, como são seus sonhos. Que venham outros lados Zs.
Crédito das imagens: Christovam de Chevalier