O lendário produtor musical Quincy Jones (1933-2024), um dos maiores de todos os tempos, nos deixou aos 91 anos, no último domingo (3/11). Segundo seu agente, Arnold Robinson, ele “faleceu pacificamente” em sua casa em Bel Air, Los Angeles, EUA. Jones, que trabalhou ao lado de ícones como Michael Jackson (1958-2009), Frank Sinatra (1915-1998) e outros gigantes do ramo, deixa um legado extraordinário de uma vida inteira dedicada ao amor pela música.
O produtor conquistou fama mundial ao produzir o icônico álbum “Thriller” de Michael Jackson. Ao longo de sua incrível carreira, ele acumulou 28 prêmios Grammy e foi reconhecido pela revista Time como um dos músicos de jazz mais influentes do século 20. Além disso, participou do filme ”O Feiticeiro” e trabalhou com Michael desde que o cantor tinha apenas 19 anos. Ele também produziu o sucesso “Off the Wall”, que vendeu impressionantes 20 milhões de cópias.
Sua carreira é marcada por conquistas incríveis. Em 1985, ele fez história ao reunir 46 dos artistas mais famosos dos Estados Unidos, incluindo Michael Jackson, Bruce Springsteen, Tina Turner e Cyndi Lauper, para gravar a imortal “We Are the World”. Como coautor da música, usada para levantar fundos contra a fome na Etiópia, ele conseguiu unir o mundo em uma só voz. O hit chegou ao topo das paradas no Reino Unido e nos EUA e foi um dos destaques no evento Live Aid.
A relação de Quincy com o Brasil sempre foi marcada por grande afinidade e parcerias memoráveis. Trabalhou com ícones da MPB, como o cantor Ivan Lins e a cantora Simone, de quem era fã declarado. Jones se aproximou da cultura brasileira depois de fazer uma turnê no país ao lado do trompetista Dizzy Gillespie (1917-1993). Nascido em Chicago, Jones trabalhou com Ray Charles (1930-2004) ainda na adolescência. Era amante do jeito de viver brasileiro e esteve presente desfrutando o baile de Carnaval do Copacabana Palace em 2008.
A imersão no Brasil propiciou que Jones conquistasse um Grammy com uma versão da canção “Velas”, de Ivan Lins, na época ele ainda convidou a cantora Simone para brilhar em duas edições do prestigiado Montreux Jazz Festival.
E sua interação não parou por aí, Quincy também manteve uma relação próxima com o percussionista brasileiro Paulinho da Costa, que era frequentemente convidado para gravações em Hollywood. Paulinho, que já colaborou com artistas como Elton John e Bob Dylan, tem seu talento registrado em trilhas sonoras de mais de 150 filmes.
Mais um amigo de longa data de Quincy é ninguém menos que Milton Nascimento, o Bituca. Durante a pandemia, Milton compartilhou nas redes sociais um print de uma chamada de vídeo com o produtor e escreveu: “Quantas lembranças lindas eu tenho ao lado desse cara, um irmão que eu tenho desde 1967!”. Em 2007, Milton recebeu o amigo em sua casa, no Rio de Janeiro, com uma feijoada.
Outro parceiro brasileiro foi o produtor Marcos Mazzola, que falou exclusivamente ao NEW MAG sobre a relação de admiração que mantinham um pelo outro.
— Conheci Quincy durante as gravações de Thriller a convite de meu amigo Humberto Gatica que foi o engenheiro de gravação do disco. As sessões foram incríveis e rapidamente Quincy e eu criamos uma relação amigável. Pouco tempo depois comecei a conviver mais com ele no Montreux Jazz Festival onde eu era o diretor da Noite Brasileira do festival e Quincy o embaixador mundial do festival. O Mister Q quando produziu o último show gravado de Miles Davis (1926-1991) teve um desafio enorme em posicionar a grande orquestra no palco e juntos resolvemos o problema para esse grande espetáculo. Desde então Quincy fazia questão de assistir aos shows que produzi bem ali na lateral do palco, onde trocamos impressões, dicas e sugestões de produtor para produtor. Meu amigo Q, descanse em paz, a música agradece toda a sua genialidade — falou Mazzola.
Vai deixar muitas saudades!
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