O lendário produtor musical Quincy Jones, um dos maiores de todos os tempos, nos deixou aos 91 anos, no último domingo (03). Segundo seu agente, Arnold Robinson, ele “faleceu pacificamente” em sua casa em Bel Air, Los Angeles, EUA. Jones, que trabalhou ao lado de ícones como Michael Jackson (1958-2009), Frank Sinatra (1915-1998) e outros gigantes do ramo, deixa um legado extraordinário de uma vida inteira dedicada ao amor pela música.
O produtor conquistou fama mundial ao produzir o icônico álbum “Thriller” de Michael Jackson. Ao longo de sua incrível carreira, ele acumulou 28 prêmios Grammy e foi reconhecido pela revista Time como um dos músicos de jazz mais influentes do século 20. Além disso, participou do filme ”O Feiticeiro” e trabalhou com Michael desde que o cantor tinha apenas 19 anos. Ele também produziu o sucesso “Off the Wall”, que vendeu impressionantes 20 milhões de cópias.
Sua carreira é marcada por conquistas incríveis. Em 1985, ele fez história ao reunir 46 dos artistas mais famosos dos Estados Unidos, incluindo Michael Jackson, Bruce Springsteen, Tina Turner e Cyndi Lauper, para gravar a imortal “We Are the World”. Como coautor da música, usada para levantar fundos contra a fome na Etiópia, ele conseguiu unir o mundo em uma só voz. O hit chegou ao topo das paradas no Reino Unido e nos EUA e foi um dos destaques no evento Live Aid.
A relação de Quincy com o Brasil sempre foi marcada por grande afinidade e parcerias memoráveis. Trabalhou com ícones da MPB, como o cantor Ivan Lins e a cantora Simone, de quem era fã declarado. Jones se aproximou da cultura brasileira depois de fazer uma turnê no país ao lado do trompetista Dizzy Gillespie (1917-1993). Nascido em Chicago, Jones trabalhou com Ray Charles (1930-2004) ainda na adolescência. Era amante do jeito de viver brasileiro e esteve presente desfrutando o baile de Carnaval do Copacabana Palace em 2008.
A imersão no Brasil propiciou que Jones conquistasse um Grammy com uma versão da canção “Velas”, de Ivan Lins, na época ele ainda convidou a cantora Simone para brilhar em duas edições do prestigiado Montreux Jazz Festival.
E sua interação não parou por aí, Quincy também manteve uma relação próxima com o percussionista brasileiro Paulinho da Costa, que era frequentemente convidado para gravações em Hollywood. Paulinho, que já colaborou com artistas como Elton John e Bob Dylan, tem seu talento registrado em trilhas sonoras de mais de 150 filmes.
Mais um amigo de longa data de Quincy é ninguém menos que Milton Nascimento, o Bituca. Durante a pandemia, Milton compartilhou nas redes sociais um print de uma chamada de vídeo com o produtor e escreveu: “Quantas lembranças lindas eu tenho ao lado desse cara, um irmão que eu tenho desde 1967!”. Em 2007, Milton recebeu o amigo em sua casa, no Rio de Janeiro, com uma feijoada.
Outro parceiro brasileiro foi o produtor Marcos Mazzola, que falou exclusivamente ao NEW MAG sobre a relação de admiração que mantinham um pelo outro.
— Conheci Quincy durante as gravações de Thriller a convite de meu amigo Humberto Gatica que foi o engenheiro de gravação do disco. As sessões foram incríveis e rapidamente Quincy e eu criamos uma relação amigável. Pouco tempo depois comecei a conviver mais com ele no Montreux Jazz Festival onde eu era o diretor da Noite Brasileira do festival e Quincy o embaixador mundial do festival. O Mister Q quando produziu o último show gravado de Miles Davis teve um desafio enorme em posicionar a grande orquestra no palco e juntos resolvemos o problema para esse grande espetáculo. Desde então Quincy fazia questão de assistir aos shows que produzi bem ali na lateral do palco, onde trocamos impressões, dicas e sugestões de produtor para produtor. Meu amigo Q, descanse em paz, a música agradece toda a sua genialidade — comenta Mazzola.
Vai deixar muitas saudades!
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