Durante os primeiros anos da pandemia, Vinicius Teixeira pôde fazer algo que há muito acalentava e que a rotina de gravações não permitia: ler obras de filósofos da contemporaneidade. Em especial, os que se dedicavam a questões LGBTQIA+. E um assunto era recorrente em muitos deles: a solidão, sobretudo nesses tempos de relações líquidas. E provocado por essas leituras e reflexões, o ator deu vida a seu novo projeto teatral.
O texto de “Selva: solidão” foi escrito por Vinicius juntamente com Jefferson Almeida, que também assina a direção do monólogo. A estreia acontece na terça-feira (05), no recém-reformado Teatro Ziembinski, na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, onde fica até 27 de novembro.
– Vivemos em um tempo no qual o sentimento da solidão é uma presença comum a todos, mas os membros da comunidade LGBTQIAPN+ o vivenciam de uma forma particular – acredita Vinicius, relacionando o fato a regras de comportamento ainda latentes na sociedade: – Esse tipo de sensação é fruto de um crescimento onde os afetos, desejos, formas de se comportar, movimentar, falar, preferências e tendências, são questionadas e negadas pelo mundo heteronormativo e patriarcal no qual estamos inseridos.
A sensação é presente em diferentes segmentos e faixas etárias da sociedade. O ator, que pode ser visto em “Justiça 2”, no Globoplay, dá vida a três personagens diferentes: Jonathan, um atendente de fast food; Luiz Felipe, um garoto de programa, e Antônio, um professor universitário aposentado.
– É uma delícia estar em cena dando vida a três personagens tão complexos, com idades e experiências diferentes, mas que carregam angústias e questionamentos em comum. É interessante ver como essas questões se manifestam de formas tão diferentes no comportamento de cada um.
O artista defende também que assuntos relacionados à Diversidade sejam falados em mais produções teatrais como também em outras manifestações artísticas como o cinema e a literatura, uma vez que o Brasil é um dos países onde mais se mata LGBTQIA+.
– Estamos em um momento, inclusive, em que as questões da nossa comunidade podem e precisam ser aprofundadas nesses projetos e discursos. Ainda vivemos em um país extremamente homofóbico e transfóbico– arremata ele.