Ela cumpriu mais uma missão com louvor. O último capítulo da novela “No Rancho Fundo”, da Rede Globo, será exibido nesta sexta (1º de novembro), e Andrea Beltrão se despede de sua “Zefa”, com um misto de alegria e nostalgia. Em entrevista ao NEW MAG, a atriz falou que vai curtir um “ócio legal” depois de promover o novo filme em que atua e de voltar aos palcos, no ano que vem. O longa é “Avenida Beira-Mar”, no qual interpreta Marta, mãe de uma adolescente transexual. E como se não bastasse, ela também segue firme com os planos de voltar aos palcos com o espetáculo “Lady Tempestade”, no qual brilha como a advogada Mércia Albuquerque (1934-2003), que defendeu presos políticos na ditadura. A peça retorna, em janeiro, ao Teatro Poeira, e depois vai rodar o Brasil. Dar vida a tantas mulheres incríveis só ampliou a consciência de Andrea, que, aos 61 anos, comemora 45 anos de carreira travando uma batalha contra o etarismo. E garante: não há outra maneira de viver, senão lutar contra esse nocivo estigma imposto pela sociedade às mulheres.
Como foi viver a personagem Marta de Avenida Beira-Mar?
A Marta estava muito bem escrita e traduzida no roteiro, com diretores muito cientes e sabendo o que queriam fazer e onde queriam chegar, embora nunca saibamos o ponto final. Com duas atrizes jovens maravilhosas (Milena Gerassi e Milena Pinheiro), interpretar a Marta foi uma alegria muito grande nesse sentido, de ter recebido esse convite.
Qual o maior desafio e quais os seus pontos em comum com ela?
O desafio é sempre um desafio, acho que um trabalho é um trabalho, não é exatamente uma corrida, um lugar de chegada aonde você vai. Não penso muito como um desafio, penso como uma descoberta, por onde a gente vai com as atrizes, o que os diretores querem. O que eu tenho da Marta, é uma pergunta sempre muito curiosa, mas acho que a minha resposta é “sou eu”, não acontece uma possessão, não é um trabalho de composição do qual gosto muito.
O filme traz essa direção dupla, de Bernardo Florim e Maju de Paiva. É diferente ser dirigida por uma mulher? O que destacaria em relação a abordagem desses olhares?
Eu já fui dirigida por mulheres várias vezes. Na direção do filme, não acho que houve questão de gênero nesse sentido. Conheço homens muito mais delicados que mulheres e nesse caso estava cercada de pessoas sensíveis e delicadas.
Como foi o final da gravação da novela Rancho Fundo? Você ainda tem o mesmo tesão em fazer televisão? Vai descansar depois dessa, ou já podemos esperar novos projetos na telinha? Algum projeto para streaming?
As gravações acabaram no dia 18 de outubro. Por enquanto, não tenho nada planejado, vou curtir um ócio legal!
Você encurtou a temporada de “Lady Tempestade” no Teatro Poeira, pois teve que começar a gravar a novela. Tem planos de voltar ao teatro com essa peça, ou alguma outra?
Sim, vamos voltar com essa peça em janeiro e vou ficar até o fim de abril no Teatro Poeira e, depois, vou aproveitar para viajar o Brasil todo.
Seu filho José foi bastante elogiado em seus últimos trabalhos como ator. Você se considera uma mãe coruja em relação a carreira dele? Se preocupa, intervém, passam textos juntos? Como está lidando com as escolhas dele.
Não! Ele nem quer isso de mim! Ele quer a vida dele. Nós conversamos, mas não em um lugar de “deixa eu te ensinar” ou “faça isso, não faça aquilo”.
Você deu voz a muitas mulheres participando de campanha contra o etarismo, inclusive em suas redes sociais o tema é discutido abertamente com seus seguidores. Qual o impacto de se posicionar contra este tipo de preconceito?
Mas viver de que outra maneira, senão se posicionar contra o etarismo? Não conheço outra maneira. Não ligo para a imposição da mídia e pressão estética. Eu tenho a minha idade e faço tudo que eu quero, o que eu não quero mais e o que eu não posso fazer eu invento outra coisa. Eu realmente acho que essa coisa de idade é uma prisão horrorosa, uma maldade contra as mulheres.
Crédito da imagem: Nana Moraes