‘Belchior é um patrimônio’

outubro 24, 2024

Sandra Pêra volta ao Rio com tributo a Belchior e reflete sobre os benefícios da maturidade aos 70 anos

No show em que interpreta parte do cancioneiro de Belchior (1946-2017), Sandra Pêra abre suas asas a outros temas, aos quais está afetivamente ligada. Um deles é “Se pode criar”, da própria lavra ((em parceria com Guilherme Lamounier), e extraída do seu primeiro LP solo, de 1983. Ela reza assim: “Quanto mais a gente faz\Mais a gente gosta\ Quanto mais a gente gosta\ Melhor a gente faz”…

O tema tem hoje um valor ainda mais especial à cantriz, que completou 70 anos em setembro. E é essa setentona bonita e gostosa que, no domingo (27), sobe ao palco do Blue Note Rio, em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro, para apresentar o show “Sandra Pêra em Belchior”, que roda o país há dois anos.

– O tempo traz a capacidade de deixar-nos bem na sua companhia. E traz também muitas capacidades: a de nos livrar de mazelas e a de mostrar o quanto podemos nos livrar das coisas inúteis. Ele também nos faz olhar para o amor que está vindo em nossa direção e leva-nos a enxerga-lo do jeitinho que ele é – elenca a artista que vê graça hoje em celebrar seu aniversário.

Sim Sandra está atenta às mudanças dos ventos e às transformações trazidas pelo tempo, esse tambor de todos os ritmos, como bem cantou Caetano. E ela põe em prática uma série de cuidados, alguns relacionados ao bem-estar e à própria voz.

– Já não fico mais rouca como antes. Minha voz está madurona, segura,pois  trato dela bem melhor também – reconhece, lembrando que não era assim na época das tais Frenéticas:  –  Naquela época era uma loucura! Eu  gritava, saía de cena completamente molhada, tudo errado! Deixava o palco feliz, mas destruída.

A destruição hoje é no melhor dos sentidos: ela se dá nos corações das plateias que lotam as casas por onde o show já passou ao longo de dois anos. E isso se dá ao fato de as canções de Belchior manterem-se ainda atuais e estarem preservadas na memória afetiva do público, como ela salienta:

– Além de serem belas, as músicas nos fazem descobrir sempre sensações novas e intenções diferentes. Belchior é um patrimônio nosso que vem sendo redescoberto a cada geração. Aguardem e verão como ele ainda voltará!

E, em se tratando de Sandra, essa redescoberta vai muito bem, obrigado.

Crédito da imagem: Jorge Bispo

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