Esther Schattan estava recém-saída da faculdade de Engenharia quando ela e o marido, Murillo, também engenheiro, resolveram investir num conceito de mobiliário que, até então, não existia no país. Assim nasceu a Ornare, empresa que hoje é sinônimo de sofisticação no Brasil. Suas criações conquistaram consumidores exigentes e, hoje, chegam também a países como os EUA e os Emirados Árabes. Cada passo foi dado de maneira a conciliar os interesses do grupo a pautas sociais e ambientais importantes. Tanto que, no quadro de colaboradores da empresa, as mulheres estão em pé de igualdade com os homens, respondendo por 50%. Outro exemplo está no fato de a madeira usada na confecção de móveis ser toda certificada. Os negócios vão bem e foram beneficiados pelo isolamento social, como Esther atesta nesta entrevista ao NEW MAG: “Temos crescido e estamos nos consolidando internacionalmente como uma empresa brasileira de luxo”.
Você e Murillo Schattan, seu marido e sócio, são engenheiros de formação. Como surgiu a ideia de criarem a Ornare?
O Murilo já tinha experiência na área, e queríamos abrir um negócio juntos no segmento de design, no qual pudéssemos oferecer um trabalho diferenciado do que havia no mercado. Desde o princípio, valorizamos o atendimento e a pós-venda com arquitetos e clientes, destacando o diferencial do design e da sustentabilidade, termo que ainda era pouquíssimo conhecido. O Murillo já estava mais próximo do mercado da decoração, mas de uma maneira diferente da que nós entendemos hoje. Desde o início da marca, temos contribuído com o desenvolvimento da área, como ela é conhecida hoje no Brasil.
Você é uma empreendedora e, na Ornare, 50% dos colaboradores são mulheres. Isto partiu de você?
Organizamos a gestão de modo bastante equilibrado e, desde o início, compactuamos com a ideia de que a diversidade seria fundamental dentro do nosso negócio. Atualmente, a Ornare tem cerca de 50% do quadro de colaboradores formado por mulheres, além de ser referência em parcerias com arquitetas e decoradoras. Ações inclusivas também abrangem pessoas com diferentes etnias e orientações. Somos todos seres humanos, valiosos por talentos, emoções e pelo espírito. Ao longo da nossa trajetória, confirmamos que a melhor fórmula é reunir talentos múltiplos. Também acredito que a diversidade com impactos reais precisa estar apoiada em uma liderança imbuída da ideia de que ela, além de justa, é importante para a sociedade e também real para os negócios. Um exemplo é o Projeto Mulheres Positivas, da Fabi Saad, de ajuda às mulheres na entrada ou reinserção no mercado de trabalho. Oferecemos não só vagas em várias carreiras e cidades como também a possibilidade de serem franquias no Brasil e no exterior.
Na pandemia, vimos a crescente valorização do lar. Houve um aumento nas vendas dos móveis neste período?
Sim. Durante a pandemia, vivenciamos transformações no cotidiano e nos negócios. Os setores de decoração e design foram, sem dúvida, dos mais impactados pelo isolamento social. A nova realidade exigiu respostas rápidas e ágeis, pois, por passar mais tempo em casa, o publico consumidor do Brasil e do mundo investiu ainda mais em seus ambientes, aumentando o conforto e a beleza dos espaços. Mesmo durante a pandemia e com showrooms fechados, identificamos uma demanda crescente de clientes que desejavam ambientes mais funcionais, sofisticados e exclusivos, justamente pelo fato de estarem mais tempo em suas casas. Temos crescido e estamos nos consolidando internacionalmente como uma empresa brasileira de luxo.
Os recursos naturais do planeta estão acabando. De que forma a Ornare se posiciona como marca sustentável? Quais as ações ambientais promovidas pela empresa?
Ter um olhar para medidas que visam a redução de impactos ambientais, com a criação de sistemas de produção mais sustentáveis é fundamental. Hoje, as empresas já estão acelerando a agenda ESG (sigla de Environmental, Social e Governance, que significa Meio ambiente, Social e Governança), e o consumidor tem dado preferência a produtos feitos de forma sustentável. Os empresários precisam se preparar para a sustentabilidade como um dos pilares dos seus negócios. Temos uma visão de negócios que abrange aspectos ambientais, sociais e de governança. Por exemplo, a madeira incorporada no processo produtivo é certificada pelo Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal) e os retalhos dos materiais nobres são doados para o Comitê de Solidariedade pela Vida, ONG que oferece assistência a mais de 2 mil famílias no município de Itapevi (SP). A entidade produz brindes sustentáveis que são comprados pela Ornare para presentear clientes e parceiros, gerando renda para a ONG e trabalho para comunidades carentes. Com isso, criamos uma cadeia positiva. Nosso próximo passo é aprofundarmo-nos na questão da emissão de carbono, pois queremos avançar nesta frente.
A Ornare é uma empresa bem-sucedida, com showrooms nos Emirados Árabes Unidos, nos EUA e também no Brasil. Cada país tem seus próprios gostos e cultura. Na hora de escolher cores e materiais, por exemplo, qual a diferença entre os gostos dos brasileiros e dos americanos?
O luxo é uma linguagem universal e traz referências de diversas culturas e em diferentes momentos históricos. Apesar de termos uma unificação de conceitos luxuosos, cada país tem suas peculiaridades. Os brasileiros preferem móveis mais modernos, que tragam cores leves, linhas retas e um conceito mais clean aos ambientes. Já o norte-americano prefere elementos mais rebuscados,com cores e uma decoração mais glamurosa. Mas, independentemente da nacionalidade, o público Triple A deseja projetos únicos e alto nível de personalização. Isso é um grande diferencial, pois oferecemos uma ampla gama de cores, texturas e estilos, permitindo que nosso cliente imprima sua personalidade nos móveis.