‘Não vamos sucumbir’

setembro 17, 2024

O cineasta Miguel Przewodowski lança novo documentário sobre bastidores das escolas de samba do Rio de Janeiro

Desde cedo, ele lembra que o pai dava uma pausa no ofício de médico e o levava, ainda pequeno, para cair na folia carioca. Como uma honrosa tradição, que passou de pai para filho, o amor pelo carnaval enraizou-se para sempre no coração do cineasta Miguel Przewodowski. Depois do sucesso com o aclamado “Amazônia, o Despertar da Florestania”, ele se prepara para mostrar ao mundo seu mais novo documentário “Não vamos sucumbir”. O filme é um verdadeiro inventário histórico que faz um apanhado de imagens e depoimentos fascinantes sobre o surgimento das escolas de samba, até os dias de hoje. A estreia do filme será quinta-feira (19/09), nos cinemas do Rio de Janeiro e São Paulo.

Realizado com recursos próprios, pela 3 Tabela Filmes em coprodução com a Arpoador Filmes, o longa tem 92 minutos de duração. Foi filmado entre 2020 e 2021 nos barracões. Traz dezenas de entrevistas inéditas – inclusive com a falecida carnavalesca Rosa Magalhães (1947-2024) – entre outros nomes contemporâneos que hoje fazem o carnaval acontecer. O público irá se surpreender com a potência da pesquisa realizada por Antonio Vieira. Há um minucioso resgate de imagens históricas de arquivos públicos e particulares. Miguel sabe que este trabalho carrega uma enorme responsabilidade: recortar para as telas a força cultural do significado político-social que faz do carnaval do Rio de Janeiro o maior show do planeta.

— Metaforicamente o filme é um novelo que desenrolei e teci após assistir o impactante desfile da Mangueira no Carnaval de 2019. O desfile foi como um sopro de esperança num momento politicamente abissal da cidade e do país. Estou comprometido no trabalho de viabilizar a voz e a experiência daqueles que respiram, vivem, fazem e pensam as escolas de samba. Um espaço de resistência de origem e cultura negra e também um generoso ponto de integração e celebração da nossa diversidade cultural e humana, sempre tão rica e maravilhosa — enfatiza.

Miguel complementa dizendo que não existe experiência de escola de samba que não seja política. Não à toa, o filme conta da preparação para o Carnaval 2020, passando por fevereiro de 2021, quando os desfiles estavam suspensos pela pandemia. E vai até a retomada em 2022. Passeando por diversas esferas que irão conquistar os espectadores, e também levá-los a uma percepção mais ampla do que acontece nos bastidores da festa mais famosa do mundo.

— Nas escolas de samba há um lugar muito bonito da disputa, é simbólico. Ninguém deixa de cantar o samba da outra escola. Não existe essa inimizade, é uma grande comunidade, onde todos entendem que o maior elemento é a arte. Por isso, a política deveria aprender com o Carnaval a se reinventar. Enquanto estão pondo fogo no Brasil por rixas partidárias, devíamos pôr em prática nosso senso comunitário. Nos inspirar numa festa que vai na contramão do ódio celebrando a vida, onde o que importa é sempre a vida. E sem natureza não há vida — ressalta Przewodowski.

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