O crítico musical Mauro Ferreira referiu-se recentemente ao jornalista Christovam de Chevalier como “seguidor de cantoras como eu”. O termo vem bem a calhar quando se trata de Christovam. Ao longo de 20 anos dedicados à profissão, ele mantém sua antena sintonizada no que algumas das nossas mais importantes vozes femininas produzem. Natural que esse olhar resvale também para a outra seara na qual ele atua: a literária.
O jornalista reverencia duas importantes cantoras em seu novo livro, “Da lida do tanto da vida” (7 Letras), com o qual celebra 25 anos dedicados à poesia. As artistas são Simone Bittencourt de Oliveira, ou simplesmente Simone, e Adriana Calcanhotto, homenageadas, respectivamente, com os poemas “Uma voz como a dela” e “Moça da flor encarnada”.
O primeiro texto foi provocado pelos 50 anos de carreira celebrados pela Cigarra em 2023 e traz versos como “Uma voz como a dela\ não é uma voz qualquer \ é prata, pranto, pétrea\ mar na malha de mulher”. E ainda: “A voz dela é o equilíbrio \ entre adágios e adagas\ é brasa, é brisa, é brio\ é chave, chuva, é chaga”.
– Simone me viu crescer praticamente. Ela me conhece desde que eu era “pixotinho”, como ela mesma diz – explica Christovam destacando um fato engraçado: – Quando criança, tinha a petulância de tirá-la para dançar. Imagina a cena: eu, um cotoco de gente, dançando com aquele mulherão com 1,80 de altura (risos).
Já o poema para Adriana alude à canção “A flor encarnada”, apresentada por ela numa ocasião inesquecível para o poeta. Quando os teatros estavam reabrindo ainda durante a pandemia, Christovam e a também poeta Flávia Souza Lima foram a um show de voz e violão da artista. Foi a primeira vez em que o escritor entrava num teatro ainda em tempos de cuidados sanitários.
– Ainda precisávamos usar máscaras, e a plateia não estava toda ocupada, com as pessoas sentadas de forma espaçada. Adriana apresentou ali essa canção tocante, “A flor encarnada”. Ouvi-la ali, naquela situação, foi muito emocionante – recorda-se.
A prudência e o distanciamento não serão colocados em prática nesta terça-feira (17), quando, a partir das 19h, Christovam autografa a obra na Livraria da Travessa de Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro. Ali, os abraços serão permitidos, para alegria do autor e de seus amigos.