‘Ele foi um desbravador’

setembro 6, 2024

Sérgio Mendes é apontado por Antonio Adolfo como o responsável por tornar "Sá Marina" conhecida no mundo

Antonio Adolfo estava começando na profissão quando conheceu Sérgio Mendes no Beco das Garrafas, conjunto de pequenas casas que se tornaria lendário como um dos berços da bossa nova. Sergio e seu trio tocavam no Bottle’s Bar e, anos depois, ele ajudaria a uma das canções de Adolfo a se tornar conhecida internacionalmente. O tema em questão é a hoje clássica “Sá Marina”, uma das parcerias do grande pianista com Tibério Gaspar (1943-2017).

Outro projeto de Mendes marcaria Antonio Adolfo: o álbum “Você ainda não ouviu nada”. Gravado juntamente com o Sexteto Bossa Rio, o LP trazia simplesmente arranjos de Tom Jobim (1927-1994), Moacir Santos (1926-2006) e do próprio Mendes. Procurado por NEW MAG, Antonio Adolfo aponta a algumas características que fazem de Mendes, que faleceu nesta sexta-feira (06), único no seu ofício.

– Contratado pelo Itamaraty, o Sérgio fez turnês com o grupo Brasil 65 tendo como convidados a (violonista) Rosinha de Valença, Jorge Ben (hoje Ben Jor), Wanda Sá e o Chico Batera na bateria e o Tião Neto, no contrabaixo. Com isso ele começou a abrir caminho nos Estados Unidos – rememora Adolfo destacando um encontro que mudou a vida de Mendes: – Em seguida, ele fez uma apresentação para o Herb Albert já com o Brasil 66, que viria a estourar com “Mas que nada”.

E, com isso, Mendes apuraria ainda mais os ouvidos às novidades produzidas pelos amigos no Brasil. E foi assim que se encantou com Sá Marina, que lançaria em 1969, originalmente num compacto simples e, pouco depois, incluída no álbum “Pretty world” (mundo bonito), como reconhece o arranjador:

– Tive a sorte de ter “Sá Marina” gravada por ele em 1969, lançada inicialmente num compacto simples. Essa gravação abriu caminho total para mim no exterior e nos Estados Unidos, principalmente.

Adolfo e Mendes trocavam mensagens religiosamente em fevereiro, mês em que fazem aniversário. No último mês, chegou a falar com a mulher do amigo, a cantora Graça Leporace, que o poupou sobre o estado de saúde do marido, cujo óbito foi em consequência de complicações pulmonares.

– O Sérgio nunca deitou nos louros da fama e sempre trabalhou muito, gravando ou viajando com shows. Ele era um pianista excelente, de muito bom gosto e um desbravador, que lançou muita gente no exterior e merece todo o carinho e respeito dos brasileiros – arremata Antonio Adolfo.

Crédito da imagem: Cristina Granato

 

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