“As pessoas me acham inteligente, mas não sou. Faço perguntas inteligentes”. A fala foi uma das muitas proferidas pela empresária Luiza Helena Trajano, dona do Magazine Luiza, no início da noite da última quarta-feira (30), quando, no Hotel Fairmont, em Copacabana, falou para empresários (a maioria mulheres) num evento organizado pela Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ).
O encontro fechou a agenda de compromissos enfrentados pela empresária ao longo do dia. Ela chegou de São Paulo pela manhã, seguiu para a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), onde recebeu a Medalha Tiradentes. Após o almoço, rumou para a Época Cosméticos, empresa que integra hoje a holding do Magalu. Ali, falou para vendedoras durante duas horas. Ao Fairmont, chegou por volta das 17h30m, acompanhada por assessores e por discretos seguranças.
Em todos os lugares aonde vai, a empresária é recebida como popstar. São muitos os pedidos de fotos e os elogios recebidos. Muitos dizem ser ela uma referência. A empreendedora é atenciosa com todos, característica que a acompanha há muito. Mulher de fala mansa e vocabulário simples, Luiza Helena Trajano cativa o público pela franqueza de suas ideias e pela forma como as expõe – direta e sem subterfúgios.
Pouco antes de iniciar sua fala no evento da ACRJ, a sala onde estava foi esvaziada. Pronto. Era a deixa que NEW MAG precisava para trocar alguns dedos de prosa com a empresária.
Volta e meia surgem rumores de que o nome da senhora vai compor essa ou aquela chapa política. Até que ponto a política interessa à senhora?
Recebi muitos convites para sair candidata. O único que não me convidou foi o Lula. Os partidos querem uma mulher, uma empresária, para sair na chamada terceira via. Já sou uma pessoa política. Não faço política partidária, mas sou política. Acho que posso ajudar muito mais o país estando fora da política partidária.
A senhora tem às vezes sua imagem associada a ideias de esquerda. De que lado está afinal?
Não sou uma pessoa preconceituosa. Quando defendo o Bolsa Família, sou associada à esquerda. Quando falo de privatizações, aí me levam para a direita. Defendo o Bolsa Família porque sei dos seus benefícios. Sou do interior do país. Quanto às privatizações, vejo que tem muitos serviços que precisam melhorar, e o caminho pode ser o da privatização. Claro que não tem que privatizar tudo. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica não devem ser privatizados.
Como mulher e empresária qual foi a maior dificuldade enfrentada pela senhora?
Sou filha única e venho de uma família onde as mulheres trabalhavam. Sempre fui resolvida quanto a isso. Procuro transformar o negativo em positivo e sempre enfrentei as dificuldades. E sempre fui cobrada quanto a ser competente. Então, não tive alternativa. Precisei ser assim.
Em maio será lançada sua biografia, escrita pelo Pedro Bial. A senhora já leu o livro?
O Ricardo (Carvalho, seu assessor de imprensa) leu mais do que eu. Li alguns trechos e gostei muito. Está muito bacana.
Já que o assunto é livro, o que a senhora gosta de fazer nos momentos de folga?
Gosto de ler, andar de jetski (no sítio da empresária, na divisa de São Paulo e Minas, há uma represa) e assistir a TV.
Algum programa específico?
Assisto a todos, em especial aos telejornais. Isso é algo que acompanho.
Está lendo algo no momento?
Estou lendo sobre Covid. Esse é um assunto que me interessa muito atualmente.