Ele tem Jorge no nome (Giorgio, melhor dizendo) e faz milagres com tecidos nobres. Ele não dá expediente no Vaticano, mas pode ser considerado um papa. Estamos falando de Giorgio Armani, um dos mais aclamados nomes da moda italiana e internacional. O estilista completa, nesta quinta-feira (11) 90 primaveras mantendo-se como referência a outros estilistas e, fazendo jus à própria profissão, sem nunca sair de moda.
E tais características são apontadas por três entendedores do assunto ouvidos por NEW MAG. São eles a grande jornalista Hildegard Angel, a ex-modelo e produtora de moda Jacqueline Sperandio e o jornalista Alexandre Schnabl, mestre em Comunicação e Cultura pela ECO e diretor criativo da marca Frankie Amaury, que está voltando ao mercado. Elegância, sobriedade e conforto são apenas três das características apontadas pela trinca nas conversas com o site.
– O equilíbrio entre o formal e o confortável é uma das características que destaco. Primeiramente, o equilíbrio entre alfaiataria e conforto. Quando ele estoura na virada entre os anos 1970 e os 80, ele trouxe uma alfaiataria que era extremamente elaborada ao mesmo tempo em que lidava bem com o conforto, conversando com a casualidade do início dos anos 1980 – relembra Schnabl, destacando a seguir uma marca indelével do estilista: – Não se veste uma roupa do Armani sem ficar bem dentro dela, tanto pela modelagem, com tecidos escolhidos a dedo, quanto pela cartela de cores, que lava a alma. Ele carrega a tradução da elegância sóbria. É uma roupa eterna, contemporânea e que não sai de moda.
Equilíbrio é uma das marcas apontadas também pela jornalista Hildegard Angel, grande conhecedora de moda. Para a idealizadora do Instituto Zuzu Angel, o estilista sempre manteve-se fiel a si próprio sem ceder a modismos e sempre ditando tendências:
– Destaco o equilíbrio nas formas e nas cores. São nove décadas de coerência, sem “modismos”, sem apelações. Armani é um suco de elegância. Com ele não tem erro.
Os apontamentos são corroborados por Jacqueline Sperândio, símbolo do despojamento que marcou a moda nos anos 1980 no Brasil e no mundo. Jacquie, como é carinhosamente chamada, destaca o fato de o estilista ter levado às suas criações influências de outras culturas:
– Uma dessas influências ficaram evidentes quando ele misturou túnicas com calças num resultado sóbrio e ao mesmo tempo despojado. Essa é uma fase dele da qual gosto muito.
A lembrança da produtora de moda encontra eco nas palavras de Schnabel. O jornalista destaca também os tons arenosos dos desertos africanos e do Oriente Médio incorporados pelo estilista à sua paleta de cores.
– Ele soube usar elementos das culturas asiática e africana e, a partir deles, já nos anos 1990, fazer uma moda global, sem perder a elegância plena. Armani foi também precursor do empoderamento feminino, a partir do uso das ombreiras enormes, que faziam com que as mulheres parecessem extremamente poderosas justo quando começavam a ocupar lugares de comando nas grandes empresas – arremata o jornalista.
Um criador de moda pode, pelo visto, modificar comportamentos e costumes. E esse é o caso de Giorgio Armani. Recuse imitações.
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